segunda-feira, 25 de maio de 2020

Professor, o Bolsonarismo é igual ao Fascismo?

É difícil definir o que é o “Bolsonarismo” ou comparar com algum regime político que existiu, mas é possível buscar informações no passado, ou seja, no Fascismo italiano, para entender o ataque que os “bolsonaristas” fazem diariamente à Democracia, desejando instalar um novo tipo de autocracia! 

Por conseguinte, analisando o Fascismo italiano, é possível identificar conceitos semelhantes existentes no Bolsonarismo! Ou seja, misoginia, racismo, xenofobia, sexismo, estão todos presentes no Fascismo italiano, e somado ao desprezo à Democracia é possível pensar que o Bolsonarismo se assemelha ao Fascismo! 

Mas, não podemos dizer que estamos no regime fascista! Logo, vocês me perguntariam: ué professor, e que regime é esse? Acredito que o Brasil está vivendo um “Fascismo Genérico”, pois nem todos que apoiam o Bolsonarismo é de classe média alta, é empresário, é latifundiário, pois encontramos pessoas sem poder aquisitivo, trabalhadores assalariados, autônomas, desempregados e desalentados participando de manifestações desejando o fim das instituições democráticas, como o fim do STF! 

No Fascismo italiano, apenas a elite apoiou o regime, pois marginalizavam a massa de trabalhadores do jogo político, e ainda criticavam o “liberalismo” e o “socialismo”! Mas a partir dos anos de 1920, Mussolini abandonou a perseguição ao “liberalismo”, porque  contou com apoio dos Burgueses para chegar e se manter no poder! Logo, no Brasil, o que se tem é uma perseguição a um tipo de “comunismo fantasmagórico” e que, nunca existiu para justificar e exterminar através do culto à violência a oposição política, que seriam os partidos políticos de esquerda, como o PT, citado diariamente pelos “bolsonaristas” ou os próprios partidos de Direita que não concordam com a ideologia política do “Bolsonarismo”! Por isso, é possível com certo cuidado, comparar o Bolsonarismo ao Fascismo italiano apenas pelo uso da violência para combater a oposição política! 

Por conseguinte, os “bolsonaristas” através do culto à violência, que sempre esteve presente na História do Brasil, perceberam que a Justiça nem sempre é ou foi incisiva com os criminosos! Logo, passaram a atacar através de violências físicas, verbais e virtuais grupos e movimentos sociais feministas, LGBTQ+, negros, indígenas, intelectuais, professores, escritores, atores e outros grupos em defesa das minorias e dos Direitos Humanos diariamente, onde a maior prova da consciência de impunidade foi a brutalidade empenhada no assassinato da Marielle, que lutava contra a legalização das milícias apoiada abertamente pelo presidente Jair Bolsonaro e pelos seus filhos. Assim, analisando as fontes históricas deixadas pelo Fascismo italiano, é possível chamar o “Bolsonarismo” de “Fascismo Genérico”!!! 

Quando analisamos a forma como se deu a eleição do presidente Jair Bolsonaro, marcada pelo uso da Fake News, ataques à imprensa tradicional(Emissoras de TV, Edição e Redação de Jornais impressos e Rádios), a falta de apoio efetivo de outros partidos políticos tradicionais no cenário político brasileiro e suas máquinas de propaganda, muito diferente do Fascismo italiano, que contou com o apoio da mídia e de toda classe burguesa, também é possível afastar a comparação! Ao analisarmos as ferramentas utilizadas que elegeu o Bolsonaro, temos: o uso da internet, os púlpitos de grupos religiosos neopentecostais em seus templos, o culto à violência de parte dos militares, policiais e grupos paramilitares(milícias) desejando a impunidade e o poder local, tudo isso somado ao grande número de parte da população sem poder aquisitivo e sem informação para entender o jogo político, com essas informações, também é possível  afastar a comparação Fascismo = Bolsonarismo! 

Outro ponto importante é que, esses grupos não são homogêneos, mesmo sendo conservadores e extremistas, não são como os grupos homogêneos(camisas pretas italianos) do Fascismo italiano! O que se teve no Brasil, foi o surgimento de grupos paramilitares(milícias), classe média baixa iletrada, religiosos neopentecostais, e uma massa sem consciência de classe que não possui uma ideologia política clara e unificada, além dessa violência exposta diariamente em relação a oposição, e por todos possuirem um nível intelectual limitado em relação às questões políticas, econômicas e sociais do Brasil e mundo, apoiam cegamente o “Bolsonarismo”! Logo, não se deve desconsiderar as forças de convencimento que esses grupos exercem em boa parte da população brasileira! 

Logo, os “bolsonaristas” mostram-se extremamente perigosos à Democracia, basta analisar as decisões do governo Bolsonaro, sempre contrárias em relação às medidas defendidas pela OMS(Organização Mundial da Saúde), ao distanciamento social, a defesa aos CNPJs em detrimento dos CPFs, é que, recebe apoio fervorosos como carreatas e comícios daqueles grupos supracitados, bem diferente das medidas adotadas por outros países, inclusive possuem cidadãos com ideias mais iluminadas em relação a obrigatoriedade em seguir as doutrinas da OMS! Outro ponto interessante que devemos ter cuidado em comparar por completo o “Bolsonarismo” ao Fascismo, é que o primeiro para se manter no poder e conseguir governar está aliando-se ao Centrão(repleto de figuras políticas condenadas ou acusadas por corrupção) e deixando explícito que vale de tudo para se manter no poder, já o último, possuía um poder centralizado na figura de Mussolini, que não dependeu de alianças políticas para governar a Itália! 

A dúvida é, será que esses grupos heterogêneos: as milícias, parte das forças armadas e das policias, a classe média baixa iletrada, os neopentecostais, os trabalhadores assalariados, os autônomos, os desempregados e os desalentados de intelecto político limitado, formarão uma força política homogênea para destruir à Democracia para assim manter o “Fascismo Genérico” no Brasil chamado de “Bolsonarismo”? Infelizmente é preciso esperar... mas é de extrema importância que a oposição política pense urgentemente em novas ações e medidas para combater o avanço das ideologias “bolsonaristas” na sociedade, para assim manter a existência da limitada, racista e elitista Democracia brasileira, que está diariamente sendo atacada por esses grupos heterogêneos que apoiam o “Bolsonarismo”!




Fontes: 

ARENDT, Hannah. Origens do Totalitarismo.

FAUSTO, Boris. Democracia em perigo? 

SCHWARCZ, Lília Moritz. Sobre o autoritarismo brasileiro. 

Filmografia: 

Democracia em vertigem 

Driblando a Democracia