(Aluno I) Professor, o que está acontecendo no Afeganistão?
(Professor) - Para compreender o que está acontecendo naquela região, primeiro precisamos compreender que essa confusão tem origem desde de “Alexandre O Grande”!
(Aluno I) Que isso, Professor? Sério?
(Professor) - Sim! Porque não é de hoje que o sentimento de dominar todos os povos do mundo produzido pelo etnocentrismo criado e idealizado pelos povos que ocupam território que chamamos de Europa, promove destruição, exploração, desmatamento, genocídio, etnocídio, devastação e outras mazelas aos povos dominados…
( Aluno I) Professor, viajei agora!
(Professor) - Então, o conceito de etnocentrismo e eurocentrismo trabalhado na segunda fase da Revolução Industrial, que transformou as Nações europeias em potências imperialistas, e com isso produziu uma corrida por novos mercados consumidores e fornecedores de matéria prima e também mão-de-obra barata, tudo isso a partir do século XIX, ou seja, nos anos de 1800, fizeram as mesmas partilharem à África e à Ásia de acordo com seus interesses econômicos!
(Aluno II) Mas professor, de onde o senhor tirou aquela parada do Alexandre O Grande?
(Professor) - O império de Alexandre O Grande se estendia da Europa à Índia, mas quando tentou dominar o Afeganistão fora derrotado pela tribo “Tajique” - a principal etnia que ocupava a região - na batalha de Polytimetos, em 328 a.C.
(Aluno II) Caraca professor, então o bagulho é antigo?
(Professor) - Sim, e tem mais, seguindo o raciocínio supracitado no período do Imperialismo das Nações europeias, o Império britânico, na década de 1830, preocupado com o avanço territorial do Império russo na região do Afeganistão, levaram o governador-geral da Índia(colônia da Inglaterra) enviar tropas para ocupar Cabul!
(Aluno I) Cabul professor, que lugar é esse?
(Professor) - Sim! Cabul, é a capital do Afeganistão! Essa lugar recebeu tropas britânicas para ocupar a região e impedir que a Rússia fizesse isso!
(Aluno I) Ahhh sim, mas e aí Professor, os britânicos conseguiram?
(Professor) - Não, assim como Alexandre O Grande, os britânicos também perderam! Mas o revanchismo britânico promovido em 1842, só serviu para libertarem os prisioneiros ingleses, e destruir a cidade de Cabul!
(Aluno I) porra Professor, sacanagem dos ingleses! Mas como ficou os caras do Afeganistão!?
(Professor) - Não tiveram paz!
(Aluno I) Como assim Professor, aconteceu outro bagulho lá?
(Professor) - Sim! Após a destruição realizada pelos britânicos, os russos se aproximam das lideranças políticas do Afeganistão, em 1870! Mas a Inglaterra não ficou feliz com a notícia e novamente enviou tropas para região, entretanto dessa vez, após seis meses de batalha e por não compreender as complexas etnias que ocupavam o Afeganistão, o governo britânico retirou as tropas e desistiu de ocupar o local!
(Aluno II) Caraca Professor, os maluco do Afeganistão são sinistro! E aí, ficaram de boa depois disso?
(Professor) - Não, em 1979 a União Soviética ocupa a região, mas após violentas batalhas providas pelas etnias afegãs, patrocinadas pelos EUA e Arábia Saudita com armamentos e táticas de guerrilhas, criando uma milícia armada e fundamentalista chamada de Talibã, conseguem expulsar as tropas da União Soviética! Basta você(aluno) assistir o filme “Rambo III” para entender essa aliança entre etnias afegãs e os EUA!
(Aluna I) Por que o nome Talibã, Professor?
(Professor) - Talibã, na língua local significa estudantes, e estes são oriundos das madraças!
(Aluno II) Que bagulho é esse, de madraças?
(Professor) - São escolas islâmicas que utilizam o Alcorão (Corão) livro sagrado do islamismo de forma radical para assim doutrinar seus estudantes!
(Aluno II) As invasões continuaram?
(Professor) - Sim, pois o Afeganistão talvez se torne um dos maiores produtores mundiais de cobre, lítio e minério de ferro, e ainda é um dos maiores produtores de ópio do mundo, um alucinógeno que se extrai a morfina! Logo, tem produtos de sobra que interessam os países europeus e os EUA!
(Aluno I) Por isso que rola tanta invasão e guerra?
(Professor) - Exatamente!
(Aluna I) Mas teve outras invasões?
(Professor) - Sim, em 2001 os EUA invadiram o Afeganistão!
(Aluno I) Ihhh maior vacilo, ajudou os cara contra a União Soviética e depois invadiram?
(Professor) - Exatamente! O pior é que depois de 20 anos de exploração das empresas norte-americanas sobre a mão-de-obra afegã, inflação que só serviu para promover a miséria e a desigualdade social na região, como também a promoção e manutenção de governantes afegãos fantoches, ou seja, aliados aos interesses financeiros dos empresários e dos banqueiros estadunidenses, o Talibã, segundo seus pensamentos, resolveu libertar o Afeganistão dos tentáculos do capitalismo norte-americano!
(Professor) O problema é que essas invasões, dominações e esse histórico de guerras no currículo do Afeganistão, fez surgir um extremismo religioso capaz de utilizar o terrorismo como uma ferramenta para expor o descontentamento de etnias árabes que ao longo da História, sofreram e sofrem com a dominação imposta pelos impérios econômicos ocidentais!
(Aluno I) Pelo menos agora, os cara do Afeganistão ficará de boa!
(Professor) Acredito que não, porque eles podem sofrer várias sanções econômicas, e aí o caminho que o Afeganistão seguirá, será o mesmo de alguns países africanos!
(Aluna II) Como assim, Professor?
(Professor) - Ou seja, o Afeganistão pode se aliar a China, que por desejar cada vez mais mercados consumidores para os seus produtos, e novos fornecedores de matérias-primas e mão-de-obra barata poderá reconhecer o Talibã como uma nova força política e consequentemente, como um governo legítimo!
(Aluno I) Então, esse o bagulho todo só acontece por causa do dinheiro né, Professor?
(Professor) - Exatamente! Ou seja, nenhuma vida, etnia ou religião importa, apenas o lucro das multinacionais! Só que agora, são os interesses econômicos chineses que estão na bola da vez!
(Aluna I) Professor, e o que muda para as mulheres nessa confusão do Afeganistão?
(Aluna II) Professor, eu vi no noticiário que as mulheres usarão aquelas roupas malucas!
(Professor) - Por ser um grupo político que utiliza a religião islâmica fundamentalista, as mulheres utilizarão a “burca”, o casamento forçado retornará, e ainda, as mesmas serão proibidas de frequentar escolas, universidades e até trabalhar fora… logo a interferência político-econômica das potências ocidentais sem responsabilidade, interfere indireta e diretamente na vida social do Afeganistão, principalmente na vida política, econômica e social das mulheres afegãs!
Fontes:
DA COSTA, Emília Viotti. Revolução Iraniana - Revoluções do século XX.
SAID, Edward W. Orientalismo.
SAID, Edward W. Cultura e Imperialismo.
SARAIVA, José Flávio Sombra. O lugar da África.
Filmografia:
Rambo III.
Apocalipse Now.
Platoon.
Imagem:
Cartunista das cavernas
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