A proclamação da República permitiu a ascensão e a consolidação da Oligarquia Cafeicultora de São Paulo e Minas Gerais, a partir de 1898, no governo de Campos Salles na esfera política federal através do Voto de Cabresto, do Coronelismo e da Política dos Governadores. Este novo sistema político significou a exclusão das camadas mais pobres da sociedade brasileira. A miséria era tanto urbana quanto rural. Nos centros urbanos a organização do operariado era duramente combatida por exigirem legislação trabalhistas e por desejarem mais direitos de participação política. Os latifundiários - proprietários de extensa área rural - não desejavam desviar seus lucros para promover a industrialização, embora concordassem que era um bom investimento para o capital excedente do "café". A maior parte da população do Brasil vivia na zona rural e em condições subumanas. A seca castigava o solo, o gado e o homem nordestino. 4,5% dos fazendeiros concentravam 65% das terras em 1920. Os alimentos eram caros e os salários baixos. O ciclo vicioso supracitado fez surgir anarquistas e socialistas nas cidades, já nos campos surgiram beatos e o Cangaço, e juntamente com esse movimento, surgiu a lenda em torno do nome de Lampião.
O Cangaço vem da palavra canga - conjunto de arreios usado para amarrar o boi ao carro. Com isso, os bandoleiros receberam o nome de cangaceiro por utilizarem correias com munições cruzadas no peito, lembrando um animal no jugo. Os cangaceiros eram vaqueiros habilidosos, que faziam as próprias roupas, caçavam e cozinhavam, trabalhavam com couro e gostavam de enfeitar suas roupas e armas com moedas de prata, também usavam muitos anéis nos dedos e, no caso das mulheres, cordões de ouro com medalhões. Suas indumentárias de couro e chapéus, serviram para criar uma forte identificação com a cultura nordestina, presente nas lendas, na literatura de cordel, nas festas juninas e no folclore.
O abandono do governo estadual e federal em relação ao interior do nordeste no final do século XIX era latente aos periódicos e as populações urbanas da época, já que, o Cangaço era uma atividade de retirantes, segundo o Historiador Rubens Antonio. Na época de Lucas da Feira e seu bando (1828) o Cangaço era uma atividade limitada. Esse movimento surgiu por causa do Coronelismo - fenômeno político caracterizado pelo domínio dos grandes latifundiários sobre as populações rurais que, em troca de proteção e cultivo a terra eram obrigados a votarem nos candidatos mais convenientes a eles - e devido ao mandonismo local e à miséria que assolava o interior do Nordeste, deixaram de proteger e realizar crimes em nome dos coronéis(fazendeiros) para iniciar uma onda de crimes por conta própria.
Mas foi a partir dos anos de 1920 que o Cangaço ganhou força, espaço e prestígio nos noticiários da época, principalmente com Antônio Silvino, Lampião e Corisco a despeito do banditismo com extrema violência e brutalidade. Na maioria das vezes, as atividades criminosas dos cangaceiros recebiam o apoio de prefeitos e delegados de polícia, quando não recebiam ajuda local, puniam não só os faltosos, mas também a família destes com golpes de punhais entre a clavícula e o pescoço, marcavam mulheres a ferro quente, arrancavam olhos, cortavam línguas, orelhas e castravam homens. Ou seja, se apropriavam da mesma violência cometida pelos policiais e a volante - grupos de policiais disfarçados de cangaceiros - quando não recebiam informações da população rural sobre os rumos e esconderijos dos bandos. Os grupos de cangaceiros eram geralmente pequenos, mas alguns possuíam um número expressivo de componentes, como o bando de Lampião que, reuniu centenas de jagunços.
Há folclorista que vê a figura de um cangaceiro como um Robin Hood dos sertões por distribuir aquilo que roubava entre os pobres. Por esse motivo, acredita-se que era um bandido social. Muitas pessoas até os dias atuais, principalmente aqueles que vivem na região entre Angicos-SE e Piranhas-AL, entendem que o cangaceiro era um verdadeiro herói, por combater o mandonismo dos coronéis e por não respeitar as diretrizes de poder dos políticos locais. Entretanto na opinião do Historiador Rubens Antonio diante de tanto horror, a cultura popular passou a romantizar o banditismo, usando subterfúgios como a fé, os atos de caridade e a religiosidade do bando para justificar a violência.
O abandono do governo estadual e federal em relação ao interior do nordeste no final do século XIX era latente aos periódicos e as populações urbanas da época, já que, o Cangaço era uma atividade de retirantes, segundo o Historiador Rubens Antonio. Na época de Lucas da Feira e seu bando (1828) o Cangaço era uma atividade limitada. Esse movimento surgiu por causa do Coronelismo - fenômeno político caracterizado pelo domínio dos grandes latifundiários sobre as populações rurais que, em troca de proteção e cultivo a terra eram obrigados a votarem nos candidatos mais convenientes a eles - e devido ao mandonismo local e à miséria que assolava o interior do Nordeste, deixaram de proteger e realizar crimes em nome dos coronéis(fazendeiros) para iniciar uma onda de crimes por conta própria.
Mas foi a partir dos anos de 1920 que o Cangaço ganhou força, espaço e prestígio nos noticiários da época, principalmente com Antônio Silvino, Lampião e Corisco a despeito do banditismo com extrema violência e brutalidade. Na maioria das vezes, as atividades criminosas dos cangaceiros recebiam o apoio de prefeitos e delegados de polícia, quando não recebiam ajuda local, puniam não só os faltosos, mas também a família destes com golpes de punhais entre a clavícula e o pescoço, marcavam mulheres a ferro quente, arrancavam olhos, cortavam línguas, orelhas e castravam homens. Ou seja, se apropriavam da mesma violência cometida pelos policiais e a volante - grupos de policiais disfarçados de cangaceiros - quando não recebiam informações da população rural sobre os rumos e esconderijos dos bandos. Os grupos de cangaceiros eram geralmente pequenos, mas alguns possuíam um número expressivo de componentes, como o bando de Lampião que, reuniu centenas de jagunços.
Há folclorista que vê a figura de um cangaceiro como um Robin Hood dos sertões por distribuir aquilo que roubava entre os pobres. Por esse motivo, acredita-se que era um bandido social. Muitas pessoas até os dias atuais, principalmente aqueles que vivem na região entre Angicos-SE e Piranhas-AL, entendem que o cangaceiro era um verdadeiro herói, por combater o mandonismo dos coronéis e por não respeitar as diretrizes de poder dos políticos locais. Entretanto na opinião do Historiador Rubens Antonio diante de tanto horror, a cultura popular passou a romantizar o banditismo, usando subterfúgios como a fé, os atos de caridade e a religiosidade do bando para justificar a violência.
A figura mais destacada do Cangaço foi Virgulino Ferreira da Silva, conhecido como Lampião - efeitos que as rajadas de seus tiros provocavam durante a noite que era possível iluminar o lugar - se tornou cangaceiro por volta de 1916. Já em 1921, era proprietário de uma fazenda e no período entre 1928 e 1929 Virgulino se torna uma lenda no Nordeste e um grande traficante de armas. Mas em 1938 foi morto pela volante numa emboscada em Angicos-SE. Pesquisas apontam que Lampião não era um homem rude, dotado de ignorância por ser jagunço e viver no interior do Nordeste, pois era um apreciador de música e poesia, adorava perfumes e, seu chapéu era inspirado em Napoleão Bonaparte, célebre general e imperador francês. Com isso, até hoje o banditismo de Lampião e dos outros cangaceiros desperta polêmica entre os pesquisadores, onde uns afirmam que os mesmos cometiam crimes terríveis por maldade, e outros justificam suas atividades criminosas devido à luta pela sobrevivência numa região em que a seca e a miséria assolavam o gado, a terra e o sertanejo nordestino.
O Cangaço e suas atividades criminosas que atemorizavam policiais e parte da população nordestina no início do século XX chegou ao fim com a morte de seus líderes e componentes, que tiveram suas cabeças cortadas e expostas em público para reprimir o aparecimento de novos líderes. Este movimento foi o reflexo da exclusão promovida por coronéis nordestinos, políticos brasileiros e pelos cafeicultores paulistas e mineiros que dominavam a economia brasileira por causa da exportação do café. Ou seja, foi a República do Café com Leite que garantiu a uma pequena elite brasileira o direito de expor e desfilar suas riquezas na cidade do Rio de Janeiro e em São Paulo, e gozar de todos os privilégios políticos de 1898 a 1930. Mas foi essa mesma República que serviu de combustível para encorajar os sertanejos que, massacrados pela miséria se transformaram em bandoleiros das selvas nordestinas.
A centralização de poder e terras nas mãos de latifundiários e governantes políticos, a marginalização das camadas mais pobres em relação as políticas públicas e o contínuo aumento da desigualdade social estão entranhadas na História do Brasil. Logo, para corroborar essa afirmação sobre o descaso das autoridades políticas em relação ao Nordeste desde o início do período republicano brasileiro até os dias atuais, é possível expor o depoimento de José Aderaldo da Conceição que, até os 18 anos de sua juventude viveu em Bonito-PE, e hoje com 67 anos de idade, morador da cidade do Rio de Janeiro, disse que para sobreviver no sertão pernambucano, precisava ser dotado de teimosia na década de 1950.
(...) É preciso ter a coragem; perseverança; gentileza; audácia; criatividade; teimosia, sim a teimosia que só o sertanejo tem! (...) E ainda! (...) Não ter a fé de acreditar na sua sorte que não vem; na espera que não acontece; na fome que é companheira; nos filhos que vem, um a um; na chuva escassa; na casa humilde e na morte inevitável! (...)
A figura do cangaceiro aos moldes de Antônio Silvino, Lampião e Corisco e suas atividades criminosas não existem mais. Porém, os crimes e suas infinitas modalidades não só continuam existindo desde o Cangaço, como evoluíram ao longo dos anos na sociedade brasileira, já que, as mazelas históricas teimam em existir, como foi muito bem citada no trecho da música de Chico Science e Nação Zumbi: "Banditismo por uma questão de classe".
Acontece hoje e acontecia no sertão
quando um bando de macaco perseguia Lampião
E o que ele falava outros ainda falam
Eu carrego comigo:coragem, dinheiro e bala
Em cada morro uma história diferente
Que a polícia mata gente inocente
E quem era inocente hoje já virou bandido
Pra poder comer um pedaço de pão todo fudido
Bandistismo por pura maldade
Banditismo por necessidade
Banditismo por um questão de classe!
Os motivos que fizeram surgir o Cangaço e seus líderes, existem hoje em dia? Os criminosos dos dias atuais, atemorizam os policiais e a população, tal como os cangaceiros faziam no auge do Cangaço? Por que as autoridades políticas de hoje, mesmo executando os bandidos e contando com toda a exposição da mídia impressa, televisiva e digital, não conseguem evitar o surgimento de novos criminosos? A população atual, tanto urbana quanto rural, tem acesso à Educação, Saúde e Segurança? A histórica e a perpétua elite brasileira que sempre gozou de todos os privilégios políticos está pronta para dividir o controle das rédeas do Brasil? O Lampião, foi um "Robin Hood" ou um "Bandido" dos sertões nordestinos?
Fonte:
FAUSTO, Bóris. História concisa do Brasil.
JASMIM, Elise Grunspan. Lampião, senhor do sertão: vidas e morte de um cangaceiro
QUEIROZ, Maria Isaura Pereira de. História do Cangaço.
IHGB: www.ihgb.org.br
Ilustração: @souzarodney Instagram - rodneey.souza Facebook
Músicas:
Zé Remalho - Mulher nova, bonita e carinhosa
Chico Science - Banditismo por um questão de classe!