O âncora do telejornal, as 10h30 da manhã, no dia 17 de março do ano de 2019, noticiou: milhares de pessoas estavam na principal Avenida do país, incendiando carros, bancos e restaurantes, saqueando lojas e supermercados, colocando barricadas e gritando “morte aos ricos”!
O jornalista informou que, esse ato popular surgiu a partir do descontentamento com a manutenção da política econômica adotada pelo atual governo, que consistia no congelamento dos salários e da aposentadoria por dez anos, o que significou uma perda no poder de compra dos trabalhadores entre 7 a 10%, e ao mesmo tempo, os impostos e as taxas aumentaram absurdamente para a maioria da população, como o custo da energia, o preço do gás subiu 20% em 10 anos. Enquanto os serviços públicos - Hospitais, postos de saúde, escolas e outros - são progressivamente sucateados, principalmente nas áreas rurais.
Foi informado que, nos estamentos superiores da pirâmide social, os donos dos meios de produção multiplicaram suas riquezas - foram concedidos bilhões em créditos fiscais para grandes empresas, eliminaram o imposto sobre a riqueza, modificaram as faixas tributáveis para o benefício dos mais ricos e pagam enormes salários de dezenas de milhões por ano para executivos de multinacionais, políticos e juízes. Somado a isto, o atual presidente ainda aumentou o imposto sobre os combustíveis - gasolina, álcool, diesel e gás natural - provocando bloqueios nas rodovias e nas principais avenidas da Capital.
O entrevistador disse: os manifestantes exigiram o reajuste universal do salário mínimo, uma reavaliação das aposentadorias para compensar a inflação, a eliminação das taxas sobre os combustíveis e da Contribuição social geral, que aumentou significativamente para os aposentados desde 2018, e o retorno do imposto sobre as grandes fortunas - visa equilibrar as contas do governo e para melhorar os serviços públicos oferecidos à população.
Com a revisão e aprovação do projeto de Lei que alterou a prática por um ou mais indivíduos que cometam atos por motivação ideológica, política e social como “atos de terrorismo”, fez a brutal política de repressão do atual presidente, ferir e deter milhares de pessoas, e mais de 500 pessoas são presas preventivamente antes do início de qualquer manifestação, entre os condenados por violência e degradação estão pintores, artesãos, eletricistas, carpinteiros, soldadores, professores, motoristas, e outros trabalhadores urbanos. Ou seja, entre os condenados não há perfis criminais. Apesar da criminalização segundo a Lei antiterrorista, os manifestantes seguem tendo o apoio de mais de 70% da população.
O texto acima não é uma ficção, e sim o que está acontecendo na França, em Paris, desde novembro de 2018, e as últimas manifestações ocorreram na principal avenida da capital francesa, Champs-Elysées, e os manifestantes são chamados de “coletes amarelos”. Seus protestos criticam a política Neoliberal adotada pelos ex-presidentes Nicolas Sarkozy e François Hollande, e mantida pelo atual presidente Emmanuel Macron.
Por conseguinte, ao analisar as reivindicações dos coletes amarelos, é possível traçar um paralelo com o que se tem no Brasil nos últimos anos, e ao comparar com as medidas econômicas do atual governo, que adotou o congelamento do salário mínimo e da aposentadoria, como também a redução nos investimentos num período de 20 anos na Saúde e Educação, somatizando os constantes aumentos nos preços de combustíveis e serviços de água e energia com a perda do poder de compra, conclui-se que, em breve a população brasileira sofrerá dos mesmos males franceses.
Mas, caso o leitor tenha pensado na possibilidade de realizar uma manifestação semelhante a dos "coletes amarelos", não esqueça, assim como a França, o Brasil já possui um Projeto de Lei 5.065/2016 de autoria do deputado delegado Edson Moreira (PR-MG), que prevê alterar alguns pontos da já controversa Lei que tipifica o crime de terrorismo. Segue as mudanças: o texto classifica como atos de “terrorismo” a prática por um ou mais indivíduos dos atos previstos neste artigo por motivação ideológica, política, social e criminal. Dentre os “atos previstos”, estão o de usar ou ameaçar usar, transportar, guardar, portar ou trazer consigo explosivos, gases tóxicos e venenos. Também inclui bloquear rodovias, ferrovias e estradas.
Ou seja, com a aprovação do projeto de Lei supracitado, manifestações populares semelhantes à "jornadas de junho” de 2013 e à "greve dos caminhoneiros" em maio de 2018, jamais poderão ocorrer , pois os envolvidos - aposentados, pedreiros, pintores, carpinteiros, vendedores, professores, motoristas, eletricistas, advogados, enfermeiros e tantos outros - serão transformados em “TERRORISTAS”! Será?
“(...)Como beber dessa bebida amarga/ Tragar a dor, engolir a labuta... Tanta mentira, tanta força bruta/ Como é difícil acordar calado... Quero lançar um grito desumano/Que é a maneira de ser escutado(...). “Pois paz sem voz/paz sem voz/Não é paz é medo(...). Os versos escritos respectivamente por Chico Buarque, Gilberto Gil e Marcelo Yuka permanecerão cada vez mais "atemporais" no Brasil.
Ilustração:
Instagram - @rodsouzaarts
Instagram - @souzarodney
Facebook - Rodney Souza
Fonte:
FAUSTO, Boris. Democracia em risco? 22 ensaios sobre o Brasil hoje.
DELUMEAU, Jean. História do medo no Ocidente
ARENT, Hannah. Origens do Totalitarismo: antissemitismo, imperialismo, totalitarismo.
Le Monde
G1
Mídia1508.ORG
Músicas:
Calice
Minha alma
O texto acima não é uma ficção, e sim o que está acontecendo na França, em Paris, desde novembro de 2018, e as últimas manifestações ocorreram na principal avenida da capital francesa, Champs-Elysées, e os manifestantes são chamados de “coletes amarelos”. Seus protestos criticam a política Neoliberal adotada pelos ex-presidentes Nicolas Sarkozy e François Hollande, e mantida pelo atual presidente Emmanuel Macron.
Por conseguinte, ao analisar as reivindicações dos coletes amarelos, é possível traçar um paralelo com o que se tem no Brasil nos últimos anos, e ao comparar com as medidas econômicas do atual governo, que adotou o congelamento do salário mínimo e da aposentadoria, como também a redução nos investimentos num período de 20 anos na Saúde e Educação, somatizando os constantes aumentos nos preços de combustíveis e serviços de água e energia com a perda do poder de compra, conclui-se que, em breve a população brasileira sofrerá dos mesmos males franceses.
Mas, caso o leitor tenha pensado na possibilidade de realizar uma manifestação semelhante a dos "coletes amarelos", não esqueça, assim como a França, o Brasil já possui um Projeto de Lei 5.065/2016 de autoria do deputado delegado Edson Moreira (PR-MG), que prevê alterar alguns pontos da já controversa Lei que tipifica o crime de terrorismo. Segue as mudanças: o texto classifica como atos de “terrorismo” a prática por um ou mais indivíduos dos atos previstos neste artigo por motivação ideológica, política, social e criminal. Dentre os “atos previstos”, estão o de usar ou ameaçar usar, transportar, guardar, portar ou trazer consigo explosivos, gases tóxicos e venenos. Também inclui bloquear rodovias, ferrovias e estradas.
Ou seja, com a aprovação do projeto de Lei supracitado, manifestações populares semelhantes à "jornadas de junho” de 2013 e à "greve dos caminhoneiros" em maio de 2018, jamais poderão ocorrer , pois os envolvidos - aposentados, pedreiros, pintores, carpinteiros, vendedores, professores, motoristas, eletricistas, advogados, enfermeiros e tantos outros - serão transformados em “TERRORISTAS”! Será?
“(...)Como beber dessa bebida amarga/ Tragar a dor, engolir a labuta... Tanta mentira, tanta força bruta/ Como é difícil acordar calado... Quero lançar um grito desumano/Que é a maneira de ser escutado(...). “Pois paz sem voz/paz sem voz/Não é paz é medo(...). Os versos escritos respectivamente por Chico Buarque, Gilberto Gil e Marcelo Yuka permanecerão cada vez mais "atemporais" no Brasil.
Ilustração:
Instagram - @rodsouzaarts
Instagram - @souzarodney
Facebook - Rodney Souza
Fonte:
FAUSTO, Boris. Democracia em risco? 22 ensaios sobre o Brasil hoje.
DELUMEAU, Jean. História do medo no Ocidente
ARENT, Hannah. Origens do Totalitarismo: antissemitismo, imperialismo, totalitarismo.
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