O período de férias escolar não significa que o Professor deixará de trabalhar. No dia 4 de janeiro de 2020, as 18:15, o aluno Eduardo, responsável por apresentar o trabalho sobre “Políticas Internacionais - Guerra do Iraque de 2003, através do filme Zona Verde”, abordou o seu Docente na praça de alimentação, num Shopping da Zona Oeste do RJ, e o questionou da seguinte forma:
Fala aí Prof, vai rolar a Terceira Guerra Mundial?
O Professor respondeu: - ainda é muito cedo para falar sobre um conflito dessa magnitude, Eduardo!
(Eduardo) Mas Prof, eu vi geral falando isso no Face, está rolando vários “memes” entre EUA e Irã, o senhor não viu?
(Professor) - Sim Eduardo, mas isso não significa que o mundo árabe apoiará o Irã numa ofensiva contra os EUA!
(Eduardo) Mas lá não é geral árabe, Prof!
(Professor) - Não, nem todos os países do Oriente Médio(Ásia Ocidental) são predominantemente de etnia árabe, existem países, como o Irã, que possui a maioria de etnia Persa! Logo, não é bem visto pelos países árabes, sem contar que é xiita, o que faz do Irã uma ilha xiita no meio de um oceano sunita! Ou seja, o Irã depois que realizou à Revolução Islâmica, em 1979, fez o país ficar cada vez mais isolado naquela região!
(Eduardo) Agora enrolou tudo, que parada é essa de xiita e sunita, Prof?
(Professor) - falando em linhas gerais, de forma concisa, os “sunitas” são a maioria do mundo islâmico! Ou seja, formam um grupo de 90% dos muçulmanos, e acreditam que o “califa” (chefe de Estado e o sucessor de Maomé) deveria ser escolhido pelos próprios muçulmanos. Porém, os xiitas, que são a minoria no mundo islâmico, acreditam que o profeta e o sucessor legítimo deveria ser “Ali”, genro de Maomé, que foi assassinado, além dos seus filhos Hassan e Hussein. A partir daí, muitos conflitos e guerra civis ocorreram e a religião foi segmentada entre esses grupos. Com isso, no lugar deste, foi eleito o califa Muhawya, que mudou a parada toda!
(Eduardo) Como assim, Prof?
(Professor) - Tipo assim, esse Muhawya transferiu a capital do Califado, que era na cidade de Medina (Arábia Saudita) para Damasco (hoje capital da Síria). Por conseguinte, essa questão promove conflitos entre os xiitas e sunitas desde a morte de Maomé, que foi em 632 d. C., até os dias atuais!
(Eduardo) Prof, mas se geral é islâmico, porquê eles saem na porrada o tempo todo?
(Professor) - Porque mesmo sendo islâmicos, os xiitas são considerados mais tradicionalistas. Eles conservam mais as tradições do livro sagrado e seguem à risca as antigas interpretações do Alcorão e da Sharia (Lei Islâmica). Já os sunitas, são considerados mais fiéis as leis do Alcorão, pois além de seguirem as doutrinas da religião e da Sharia, também depositam suas crenças na Suna, um outro livro sagrado que relata os feitos religiosos de Maomé. Assim, os sunitas acreditam que a religião e o Estado (política) devem ser uma única força, como é na Arábia Saudita, por exemplo!
(Eduardo) Ahh Prof, agora eu entendi porque a porrada come até hoje, porque cada grupo leva esse bagulho de religião de uma forma, tipo os cristãos!
(Professor) - Ehhh, mais ou menos! Mas, com um certo cuidado, a sua comparação é válida!
(Eduardo) E o bagulho da guerra Prof, vai rolar ou não?
(Professor) - Eduardo, não podemos fechar questão sobre as tensões entre EUA e Irã, porque tudo está em ebulição ainda, mas o ataque e o assassinato ao General Soleimani, não foi um fato isolado, pois o atual presidente norte americano, Donald Trump, prometeu acabar com a política de aproximação com o Irã realizada no governo do ex-presidente Barack Obama, tanto que, desde quando assumiu a presidência, o Irã está sofrendo com as sanções econômicas impostas pelos EUA!
(Eduardo) E aí, Prof?
(Professor) - E aí, eu acredito que isso foi muito mais um ato político do que bélico, pois o Trump está no meio de um processo de Impeachment, e como esse ano, em novembro, tem eleições presidenciais e como ele deseja ser reeleito, assassinou o General Qasem Suleimani, visando assim arregimentar o seu eleitorado anti iraniano e criar uma cortina de fumaça para distrair a população norte americana!
(Eduardo) Mas Prof, ninguém fecha com o Irã, igual aconteceu na Segunda Guerra Mundial, com aquela parada de Tríplice Aliança e Entente para declarar guerra aos EUA?
(Professor) - Como eu disse anteriormente, não haverá solidariedade no mundo islâmico em relação ao Irã, devido ao assassinato de Soleimani, pois o Oriente Médio(Ásia Ocidental) tem a maioria árabe e o grupo religioso predominante é de maioria sunita, o que faz o Irã ficar isolado na região!
(Eduardo) Mas o Irã vai ficar de bucha, não vai fazer nada, Prof?
(Professor) O Irã não tem força militar para atacar diretamente os EUA, o que o governo iraniano pode fazer, são ações isoladas no Golfo Pérsico, por conta do petróleo, e com isso podem afetar os interesses econômicos norte americano na região!
(Eduardo) Ações isoladas, deu ruim Prof?
(Professor) - O Irã poderá patrocinar grupos paramilitares anti estadunidense para fazer ataques isolados!
(Eduardo) Como assim?
(Professor) - Aqueles ataques que a nossa mídia costuma chamar de terrorismo!
(Eduardo) Ahh, sei coé!
(Professor) - Ou ataques cibernéticos, em sites comerciais, coisas desse tipo...
(Eduardo) Tô ligado, Prof!
(Professor) - Continuando na política, ao contrário do Trump que pode ter dado um tiro no pé e ter a sua imagem prejudicada internamente nos EUA, pois a população não deseja mais guerra, basta analisar o processo de retirada das tropas norte americanas do Iraque no governo Obama! Porém, o governo iraniano se fortalecerá ainda mais e os grupos religiosos xiitas tradicionalistas anti estadunidense ganharão cada vez mais força na política, pois esse é o segundo ataque ao Irã!
(Eduardo) Então, eu posso esquecer esse bagulho de Terceira Guerra Mundial?
(Professor) - Pensando isoladamente no assassinato do General iraniano, sim! Porque, as rivalidades e conflitos diretos e indiretos entre EUA e Irã, existem desde a Revolução Islâmica de 1979! O que ocorrerá com certeza, é o aumento da disputa geopolítica entre Irã e Arábia Saudita na região, e como este é aliado dos EUA, as tensões continuarão presentes e a aversão ao Ocidente também!
(Eduardo) Prof, que parada é essa de Revolução Islâmica?
(Professor) - Eduardo, eu preciso lanchar, depois a gente desenrola sobre a Revolução Islâmica!
(Eduardo) Já é Prof, Tmj (estamos juntos)!
(Professor) Sempre, Eduardo!
Fontes bibliográficas:
CLEMESHA, A. E. As Relações entre o Irã e o Ocidente.
CLEMESHA, A. E.; HABIB, Mohamed; NASSER, M. R; NASCIMENTO, P. C. Déspotas em retirada: O Ocidente decidiu escolher o islamismo como o anticristo da vez.
CLEMESHA, A. E. Fatah e Hamas próximos da unificação.
SAID, Edward W. Cultura e Imperialismo.
SAID, Edward W. O Orientalismo: o Oriente como invenção do Ocidente.
SAID, Edward W. A Questão da Palestina.
Filmografia:
BBC. Dias que abalaram o mundo 3: Revolução Islâmica.
Argo.
(Eduardo) Como assim, Prof?
(Professor) - Tipo assim, esse Muhawya transferiu a capital do Califado, que era na cidade de Medina (Arábia Saudita) para Damasco (hoje capital da Síria). Por conseguinte, essa questão promove conflitos entre os xiitas e sunitas desde a morte de Maomé, que foi em 632 d. C., até os dias atuais!
(Eduardo) Prof, mas se geral é islâmico, porquê eles saem na porrada o tempo todo?
(Professor) - Porque mesmo sendo islâmicos, os xiitas são considerados mais tradicionalistas. Eles conservam mais as tradições do livro sagrado e seguem à risca as antigas interpretações do Alcorão e da Sharia (Lei Islâmica). Já os sunitas, são considerados mais fiéis as leis do Alcorão, pois além de seguirem as doutrinas da religião e da Sharia, também depositam suas crenças na Suna, um outro livro sagrado que relata os feitos religiosos de Maomé. Assim, os sunitas acreditam que a religião e o Estado (política) devem ser uma única força, como é na Arábia Saudita, por exemplo!
(Eduardo) Ahh Prof, agora eu entendi porque a porrada come até hoje, porque cada grupo leva esse bagulho de religião de uma forma, tipo os cristãos!
(Professor) - Ehhh, mais ou menos! Mas, com um certo cuidado, a sua comparação é válida!
(Eduardo) E o bagulho da guerra Prof, vai rolar ou não?
(Professor) - Eduardo, não podemos fechar questão sobre as tensões entre EUA e Irã, porque tudo está em ebulição ainda, mas o ataque e o assassinato ao General Soleimani, não foi um fato isolado, pois o atual presidente norte americano, Donald Trump, prometeu acabar com a política de aproximação com o Irã realizada no governo do ex-presidente Barack Obama, tanto que, desde quando assumiu a presidência, o Irã está sofrendo com as sanções econômicas impostas pelos EUA!
(Eduardo) E aí, Prof?
(Professor) - E aí, eu acredito que isso foi muito mais um ato político do que bélico, pois o Trump está no meio de um processo de Impeachment, e como esse ano, em novembro, tem eleições presidenciais e como ele deseja ser reeleito, assassinou o General Qasem Suleimani, visando assim arregimentar o seu eleitorado anti iraniano e criar uma cortina de fumaça para distrair a população norte americana!
(Eduardo) Mas Prof, ninguém fecha com o Irã, igual aconteceu na Segunda Guerra Mundial, com aquela parada de Tríplice Aliança e Entente para declarar guerra aos EUA?
(Professor) - Como eu disse anteriormente, não haverá solidariedade no mundo islâmico em relação ao Irã, devido ao assassinato de Soleimani, pois o Oriente Médio(Ásia Ocidental) tem a maioria árabe e o grupo religioso predominante é de maioria sunita, o que faz o Irã ficar isolado na região!
(Eduardo) Mas o Irã vai ficar de bucha, não vai fazer nada, Prof?
(Professor) O Irã não tem força militar para atacar diretamente os EUA, o que o governo iraniano pode fazer, são ações isoladas no Golfo Pérsico, por conta do petróleo, e com isso podem afetar os interesses econômicos norte americano na região!
(Eduardo) Ações isoladas, deu ruim Prof?
(Professor) - O Irã poderá patrocinar grupos paramilitares anti estadunidense para fazer ataques isolados!
(Eduardo) Como assim?
(Professor) - Aqueles ataques que a nossa mídia costuma chamar de terrorismo!
(Eduardo) Ahh, sei coé!
(Professor) - Ou ataques cibernéticos, em sites comerciais, coisas desse tipo...
(Eduardo) Tô ligado, Prof!
(Professor) - Continuando na política, ao contrário do Trump que pode ter dado um tiro no pé e ter a sua imagem prejudicada internamente nos EUA, pois a população não deseja mais guerra, basta analisar o processo de retirada das tropas norte americanas do Iraque no governo Obama! Porém, o governo iraniano se fortalecerá ainda mais e os grupos religiosos xiitas tradicionalistas anti estadunidense ganharão cada vez mais força na política, pois esse é o segundo ataque ao Irã!
(Eduardo) Então, eu posso esquecer esse bagulho de Terceira Guerra Mundial?
(Professor) - Pensando isoladamente no assassinato do General iraniano, sim! Porque, as rivalidades e conflitos diretos e indiretos entre EUA e Irã, existem desde a Revolução Islâmica de 1979! O que ocorrerá com certeza, é o aumento da disputa geopolítica entre Irã e Arábia Saudita na região, e como este é aliado dos EUA, as tensões continuarão presentes e a aversão ao Ocidente também!
(Eduardo) Prof, que parada é essa de Revolução Islâmica?
(Professor) - Eduardo, eu preciso lanchar, depois a gente desenrola sobre a Revolução Islâmica!
(Eduardo) Já é Prof, Tmj (estamos juntos)!
(Professor) Sempre, Eduardo!
Fontes bibliográficas:
CLEMESHA, A. E. As Relações entre o Irã e o Ocidente.
CLEMESHA, A. E.; HABIB, Mohamed; NASSER, M. R; NASCIMENTO, P. C. Déspotas em retirada: O Ocidente decidiu escolher o islamismo como o anticristo da vez.
CLEMESHA, A. E. Fatah e Hamas próximos da unificação.
SAID, Edward W. Cultura e Imperialismo.
SAID, Edward W. O Orientalismo: o Oriente como invenção do Ocidente.
SAID, Edward W. A Questão da Palestina.
Filmografia:
BBC. Dias que abalaram o mundo 3: Revolução Islâmica.
Argo.
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