A Crise dos mísseis soviéticos em Cuba ocorrida em outubro de 1962, serviu para amedrontar a população mundial e foi o acontecimento mais dramático de toda época da Guerra Fria(1947-1991). Semelhante a isto, o possível conflito armado entre EUA e Coreia do Norte, noticiado insistentemente pelas mídias atuais, está alarmando o mundo. Mas alguns veículos de comunicação estão atuando de forma omissa em relação ao iminente confronto armado entre duas potências nucleares, por causa de uma estrada de terra entre os picos do Himalaia.
Após Fidel Castro chegar ao poder de Cuba, em primeiro de janeiro de 1959, instaurar o socialismo e tomar algumas medidas populares, tais como: Nacionalização de indústrias, refinaria de petróleo, bancos norte-americanos e, estreitar relações comerciais e militares com a União Soviética, permitindo a construção de uma base de lançamento de mísseis nucleares soviéticos em seu território, fez com que, John Kennedy, presidente dos EUA naquele período, instalasse um bloqueio aéreo e naval à ilha cubana e, ainda ameaçou usar armas nucleares do porta-aviões Enterprise se a União Soviética insistisse no projeto.
Logo, para corroborar a Crise dos mísseis soviéticos em Cuba, o Embaixador brasileiro Roberto de Oliveira Campos, em seu telegrama enviado ao Rio de Janeiro, comentou os desdobramentos da crise instalada no continente americano.
"Cabe-me informar, após a reunião no Departamento de Estado, que [Dean] Rusk assim justifica o rigor da reação americana à instalação de mísseis teleguiados de alcance médio e intermédio, detectada por fotografia aérea, apenas em 14 [de outubro]. (...) Cuba e União Soviética foram advertidas pelos EUA de que não tolerariam instalações ofensivas (...) A situação é perigosíssima, admitindo o Departamento do Estado a hipótese de guerra nuclear (...)"
O possível conflito armado entre Estados Unidos e a Coreia do Norte noticiado de forma massificada pelos veículos de comunicação, tem feito a humanidade conter a respiração, como aconteceu na época da Crise dos mísseis soviéticos de 1962. Entretanto o conflito entre norte-coreanos e estadunidenses possui raízes profundas na História.
Com o fim da Segunda Guerra Mundial, em 1945, a Coreia foi dividida em duas regiões. A área ao Norte ficou sob influência socialista soviética; a área Sul sob o comando capitalista norte-americano. Em 1950, os EUA e a União Soviética abandonaram a Península da Coreia, já que, as duas Coreias tentariam se unir formando um Estado independente. Mas em junho do mesmo ano, tropas do Norte invadiu o Sul, com isso a ONU e os Estados Unidos, como nos dias atuais, interveio no conflito enviando tropas e armamentos para auxiliar os sul-coreanos. Logo, a Coreia do Norte contou com o apoio da China para levar esse conflito até o ano de 1953. Após a assinatura do armistício entre as duas Coreias, os norte-americanos investiram seus capitais em infraestrutura na Coreia do Sul, e a Coreia do Norte foi influenciada até o final da década de 1980 pela União Soviética.
Porém, com a extinção da URSS em 1991, os norte-coreanos acabaram com o seu isolamento político comunista e iniciaram um comércio com Japão e Formosa, países estes, de tendências capitalistas. Mas a relação comercial entre o Japão e Coreia do Norte, devido aos testes dos mísseis nucleares próximo ao território japonês liderados pelo Kim Jong-un promoveu uma série de sanções internacionais que não surtiram efeitos e, desde que Donald Trump assumiu o poder dos EUA, a possibilidade de um conflito armado nuclear está prestes a acontecer, pois os norte-americanos e a Coreia do Sul iniciaram vários testes de lançamentos de mísseis balísticos no Mar do Japão.
Mas existe outro confronto nuclear que não está recebendo a atenção das mídias, a China e a Índia estão a beira de um conflito por território. O impasse teve início em junho, quando o Butão, aliado da Índia, descobriu trabalhadores chineses tentando prolongar a estrada. O governo indiano respondeu ao interesse geopolítico da China, enviando tropas e equipamento para interromper a construção. Porém, o líder comunista Xi Pinjing, exigiu o recuo da Índia na região. O conflito não dá sinais de pacificação, e reflete as crescentes ambições de seus líderes em reforçar suas influências políticas e econômicas no palco mundial.
A disputa sino-indiana levanta a questão se o território pertence ou não ao Butão ou à China. São apenas cerca de 90 Km², ou seja, minusculo quando comparado ao tamanho territorial dos dois países. Mas a região é de extrema importância para os projetos da "Nova Rota da Seda" idealizado por XI Pinjing, presidente da China. Mas, o primeiro-ministro, Narendra Modi, líder da Índia mostrou que está a fim de frustrar os desejos de expansão dos chineses. A região em disputa, é conhecida como o Planalto de Dolam, e os estrategistas indianos temem que no caso de uma guerra, a China dominando o lugar que não ultrapassa 30 Km de largura, corte o corredor, isolando 45 milhões de indianos numa área do tamanho do reino unido inglês.
Fonte:
AARÃO, Daniel Reis Filho, FERREIRA, Jorge, ZENHA, Celeste. O século XX: o tempo das dúvidas.
___________________. O século XX: o tempo das crises.
HOBSBAWM, Eric J. A Era dos Impérios 1845-1914
Arquivo Histórico do Ministério das Relações Exteriores do Brasil. Roberto de Oliveira Campos, Telegrama 770, Washington, 22.10.1962.
Site:
www.internacional.estadao.com.br
Revista Veja, 1962 - O dia que chegamos perto do fim.
Música:
Rosa de Hiroshima, Gerson Conrad/Vinícius de Moraes.
Após Fidel Castro chegar ao poder de Cuba, em primeiro de janeiro de 1959, instaurar o socialismo e tomar algumas medidas populares, tais como: Nacionalização de indústrias, refinaria de petróleo, bancos norte-americanos e, estreitar relações comerciais e militares com a União Soviética, permitindo a construção de uma base de lançamento de mísseis nucleares soviéticos em seu território, fez com que, John Kennedy, presidente dos EUA naquele período, instalasse um bloqueio aéreo e naval à ilha cubana e, ainda ameaçou usar armas nucleares do porta-aviões Enterprise se a União Soviética insistisse no projeto.
(Krucshev-União Soviética e Kennedy-EUA)
Logo, para corroborar a Crise dos mísseis soviéticos em Cuba, o Embaixador brasileiro Roberto de Oliveira Campos, em seu telegrama enviado ao Rio de Janeiro, comentou os desdobramentos da crise instalada no continente americano.
"Cabe-me informar, após a reunião no Departamento de Estado, que [Dean] Rusk assim justifica o rigor da reação americana à instalação de mísseis teleguiados de alcance médio e intermédio, detectada por fotografia aérea, apenas em 14 [de outubro]. (...) Cuba e União Soviética foram advertidas pelos EUA de que não tolerariam instalações ofensivas (...) A situação é perigosíssima, admitindo o Departamento do Estado a hipótese de guerra nuclear (...)"
(Fotografia aérea das bases militares soviéticas em Cuba)
O possível conflito armado entre Estados Unidos e a Coreia do Norte noticiado de forma massificada pelos veículos de comunicação, tem feito a humanidade conter a respiração, como aconteceu na época da Crise dos mísseis soviéticos de 1962. Entretanto o conflito entre norte-coreanos e estadunidenses possui raízes profundas na História.
Com o fim da Segunda Guerra Mundial, em 1945, a Coreia foi dividida em duas regiões. A área ao Norte ficou sob influência socialista soviética; a área Sul sob o comando capitalista norte-americano. Em 1950, os EUA e a União Soviética abandonaram a Península da Coreia, já que, as duas Coreias tentariam se unir formando um Estado independente. Mas em junho do mesmo ano, tropas do Norte invadiu o Sul, com isso a ONU e os Estados Unidos, como nos dias atuais, interveio no conflito enviando tropas e armamentos para auxiliar os sul-coreanos. Logo, a Coreia do Norte contou com o apoio da China para levar esse conflito até o ano de 1953. Após a assinatura do armistício entre as duas Coreias, os norte-americanos investiram seus capitais em infraestrutura na Coreia do Sul, e a Coreia do Norte foi influenciada até o final da década de 1980 pela União Soviética.
Porém, com a extinção da URSS em 1991, os norte-coreanos acabaram com o seu isolamento político comunista e iniciaram um comércio com Japão e Formosa, países estes, de tendências capitalistas. Mas a relação comercial entre o Japão e Coreia do Norte, devido aos testes dos mísseis nucleares próximo ao território japonês liderados pelo Kim Jong-un promoveu uma série de sanções internacionais que não surtiram efeitos e, desde que Donald Trump assumiu o poder dos EUA, a possibilidade de um conflito armado nuclear está prestes a acontecer, pois os norte-americanos e a Coreia do Sul iniciaram vários testes de lançamentos de mísseis balísticos no Mar do Japão.
Mas existe outro confronto nuclear que não está recebendo a atenção das mídias, a China e a Índia estão a beira de um conflito por território. O impasse teve início em junho, quando o Butão, aliado da Índia, descobriu trabalhadores chineses tentando prolongar a estrada. O governo indiano respondeu ao interesse geopolítico da China, enviando tropas e equipamento para interromper a construção. Porém, o líder comunista Xi Pinjing, exigiu o recuo da Índia na região. O conflito não dá sinais de pacificação, e reflete as crescentes ambições de seus líderes em reforçar suas influências políticas e econômicas no palco mundial.
A disputa sino-indiana levanta a questão se o território pertence ou não ao Butão ou à China. São apenas cerca de 90 Km², ou seja, minusculo quando comparado ao tamanho territorial dos dois países. Mas a região é de extrema importância para os projetos da "Nova Rota da Seda" idealizado por XI Pinjing, presidente da China. Mas, o primeiro-ministro, Narendra Modi, líder da Índia mostrou que está a fim de frustrar os desejos de expansão dos chineses. A região em disputa, é conhecida como o Planalto de Dolam, e os estrategistas indianos temem que no caso de uma guerra, a China dominando o lugar que não ultrapassa 30 Km de largura, corte o corredor, isolando 45 milhões de indianos numa área do tamanho do reino unido inglês.
(Mapa da China, Índia e a minuscula região em disputa, Butão)
O Butão não mantém relações diplomáticas com a China. O país recebe da Índia, quase US$ 1 bilhão anual em auxílio econômico e militar nos anos recentes. Os chineses tentaram atrair o Butão com suas próprias ofertas de auxílio em troca de terras visando evitar futuras disputas de fronteira. Mas Segundo o coronel da reserva do exército e consultor do diário indiano Business Standard para assuntos militares, Ajai Shukla disse:
"O país não quer ficar no fogo cruzado enquanto Índia e China trocam farpas e projéteis. O Butão não quer ser o osso disputado por dois cães."
As primeiras décadas do século XXI, estão trilhando rumos semelhantes com o fim dos anos de 1800 e a primeira metade dos anos de 1900, porque as práticas imperialistas - em busca de novos mercados fornecedores de matéria prima e consumidores de produtos manufaturados e industrializados - realizadas pelas nações europeias serviram apenas para promover duas Guerras Mundiais e suas tristes consequências. Por conseguinte, sobre a Guerra Fria, esta não existe mais, porém as disputas ideológicas e territoriais voltaram a superfície, basta analisar o embate dos Estados Unidos e dos norte-coreanos e a contenda sino-indiana, que estão prestes a acontecer no século XXI, e que servirão apenas para promover o mesmo medo que fez a humanidade conter a respiração com a Crise dos mísseis soviéticos em Cuba, em outubro de 1962, e quando o perverso toque de mágica do homem, fez a cidade de Hiroshima desaparecer do mapa do Japão, com o lançamento de um míssil nuclear, em 6 de agosto de 1945, chamado de "Little Boy".
(Cidade de Hiroshima após o bombardeio nuclear)
Pensem nas crianças
mudas telepáticas (...)
Pensem nas feridas (...)
Mas, oh, não se esqueçam
Da rosa de Hiroshima (...)
A rosa radioativa (...)
A anti-rosa atômica
Sem cor sem perfume
Sem rosa, sem nada.
Composição: Gerson Conrad/Vinícius de Moraes
Interprete: Ney Matogrosso
Fonte:
AARÃO, Daniel Reis Filho, FERREIRA, Jorge, ZENHA, Celeste. O século XX: o tempo das dúvidas.
___________________. O século XX: o tempo das crises.
HOBSBAWM, Eric J. A Era dos Impérios 1845-1914
Arquivo Histórico do Ministério das Relações Exteriores do Brasil. Roberto de Oliveira Campos, Telegrama 770, Washington, 22.10.1962.
Site:
www.internacional.estadao.com.br
Revista Veja, 1962 - O dia que chegamos perto do fim.
Música:
Rosa de Hiroshima, Gerson Conrad/Vinícius de Moraes.
China x Índia eu realmente não sabia, é o que você falou, a atenção da mídia está nos EUA x Coreia do Norte.
ResponderExcluirPrimeiro obrigado pela atenção ao texto, Rafa Oliveira! Segundo, são por leitores como você que insisto em continuar pesquisando! Então, alguns de nossos veículos de comunicação insistem em depositar informações de forma massificada, o que não deixa de ser notícias importantes! Mas insistem, em noticiar de forma fragmentada, ignorando o passado, como as rivalidades históricas existentes entre EUA e Coreia do Norte, ou omitindo um iminente conflito nuclear entre China e Índia, que também são inimigos geopolíticos de longa data, ou seja, desde 1962!
ExcluirÓtimo texto! Também não sabia sobre China e Índia!
ResponderExcluirObrigado pela atenção ao texto Iruama Helena, essa é a função do blog informar, e através desse texto expor que as rivalidades históricas servem de combustível para possíveis conflitos no presente!
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