quarta-feira, 3 de agosto de 2016

A introdução da mão de obra africana no Brasil

A aula sobre a questão econômica no período colonial, em relação a hegemonia do açúcar nos séculos XVI(16) e XVII(17) na América Portuguesa, em que o sistema produtivo era baseado na monocultura, no latifúndio e na escravidão se transformou numa feira dominical. Isso fez, com que os próprios alunos reproduzissem várias versões para justificar a escravidão africana como, "professor o índio era preguiçoso", em seguida, outro aluno disparou no fundo da sala: "o índio não possuía imunidade para conviver com os portugueses", e o outro gritou: "os negros eram mais fortes, né professor?!", e por último um proferiu: "nada disso, os índios não se adaptaram ao tipo de trabalho, né professor!? No quesito participação a turma ficou com o conceito dez, mas em conteúdo, todas as repostas foram equivocadas! O que torna essas interpretações perigosas, pois a turma está se preparando para o ENEM. Mas isso é fruto de uma educação depositada. Com isso, é natural se deparar com uma série de perguntas e repostas equivocadas relacionadas à Diáspora Africana e a introdução da mão de obra africana no Brasil Colonial. Logo, não é possível relativizar esse tema, um crime, uma das maiores atrocidades contra a humanidade de forma comum, estima-se que 10 milhões de pessoas foram retiradas da África e conduzidas violentamente a outros continentes, em particular o Brasil recebeu 40% desses 10 milhões. Ou seja, o Brasil foi um dos maiores receptores de mão de obra escrava africana.
(imagem no fim do texto)

A escravidão indígena foi largamente utilizada na América Portuguesa(Brasil Colônia), sobre tudo nas áreas mais pobres da colônia, principalmente nos primeiros 30 anos nas ações dos Bandeirantes paulistas, onde o que predominava era o "bandeirismo de apresamento(caça, captura e escravização indígena)". Assim, é possível abandonar os equivocados motivos e interpretações depositadas sobre a escravidão indígena ou a inexistência da mesma na América Portuguesa. Se pode destacar duas interpretações sobre a introdução da mão de obra africana no Brasil Colônia. Uma por Novais, em que, o Tráfico Negreiro foi utilizado sistematicamente como uma forma de aumentar seus lucros. Pois, não se pode esquecer que, o monopólio na técnica do refino do açúcar e o controle da distribuição/venda do produto no continente europeu era de responsabilidade holandesa. Isto reduzia consideravelmente o lucro da Coroa Portuguesa. Logo, visando compensar o prejuízo gerado pelo controle holandês sobre o açúcar, os portugueses traziam grandes quantidades de mão de obra africana em suas embarcações em direção ao Brasil Colônia.  Por último, a tese de Luis Felipe de Alencastro serve para complementar a visão de Fernando Novais. A partir da questão econômica entre a América Portuguesa(Brasil Colônia) e a África foi desenvolvido um comércio bilateral entre as partes visando aumentar a presença no território brasileiro, garantir as rotas marítimas, as feitorias nas costas africanas e defender a hegemonia no Atlântico Sul. Com isso, o Tráfico Negreiro se transformou num lucrativo negócio para a Coroa Portuguesa e a todos os envolvidos com esse crime contra a humanidade.

Em meio a esse sistema produtivo, no primeiro século de colonização a população colonial brasileira era 70% miscigenada. Por conseguinte, visando organizar as estruturas sociais foi instaurado o conceito de ressignificação social no Brasil Colônia. A Coroa Portuguesa sistematizou o processo de colonização enviando a baixa fidalguia para povoar estas terras. Assim, quando esses portugueses desembarcaram em solo brasileiro encontraram indígenas e africanos, e por serem brancos, abandonaram os valores sociais da metrópole(Portugal) baseado no nome(fidalgo) e criaram um novo tipo de hierarquia social fundamentada na cor da pele. Assim, se desenvolveu uma sociedade com características aristocráticas - baseada na terra, no nome, nos privilégios - paternalistas - pelos homens cordiais através da troca de favores, como disse Sérgio Buarque de Holanda na obra Raízes do Brasil -  e por fim patriarcal.   Logo, as estruturas sociais na América Portuguesa  foram formadas através do preconceito racial e calcada na escravidão.



HOLANDA, Sérgio Buarque. Raízes do Brasil

ALENCASTRO, Luiz Felipe de. Trato dos Viventes: formação do Brasil no Atlântico Sul

FAUSTO, Boris. História concisa do Brasil

SCHWARCZ, Lilian Moritz. Espetáculo das raças


Filme: Amistad (1997)


Imagem: professorwladimir.blogspot.com

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