quarta-feira, 19 de dezembro de 2018

Pague sua dívida, Europa!

No curso pré militar, após a aula sobre a emancipação política do Brasil em relação a Portugal, um aluno aproximou-se do professor e fez a seguinte pergunta: Qual é a relação da desigualdade social e econômica existente na América Latina com a Europa? O professor respondeu: - Leia o discurso do jornalista Luis Britto García, nele você encontrará a História concisa sobre a expropriação das terras, das riquezas naturais e a exploração dos povos ameríndios realizada pelos europeus. 

"Aqui eu, descendente dos que povoaram a América há quarenta mil anos, vim encontrar os que a encontraram há somente quinhentos anos. Aqui pois, nos encontramos todos. Sabemos o que somos, e é o bastante. Nunca pretendemos outra coisa".

"O irmão aduaneiro europeu me pede papel escrito com visto para poder descobrir aos que me descobriram. O irmão usurário europeu me pede o pagamento de uma dívida contraída por Judas, a quem nunca autorizei a vender-me".

"O irmão rábula europeu me explica que toda dívida se paga com bens ainda que seja vendendo seres humanos e países inteiros sem pedir-lhes consentimento. Eu os vou descobrindo. Também posso reclamar pagamentos e também posso reclamar juros. Consta no Arquivo de Índias, papel sobre papel, recibo sobre recibo e assinatura sobre assinatura, que somente entre os anos 1503 e 1660 chegaram a San Lucas de Barrameda 185 mil quilos de ouro e 16 milhões de quilos de prata provenientes da América. Saque? Não acredito! Porque seria pensar que os irmãos cristãos pecaram em seu Sétimo Mandamento".

"Expoliação? Guarde-me Tanatzin de que os europeus, como Caim, matam e negam o sangue de seu irmão! Genocídio? Isso seria dar crédito aos caluniadores, como Bartolomé de las Casas, que qualificam o encontro como de destruição das Índias, ou a radicais como Arturo Uslar Pietri, que afirma que o avanço do capitalismo e da atual civilização europeia se deve à inundação de metais preciosos! Não! Esses 185 mil quilos de ouro e 16 milhões de quilos de prata devem ser considerados como o primeiro de muitos outros empréstimos amigáveis da América, destinado ao desenvolvimento da Europa. O contrário seria presumir a existência de crimes de guerra, o que daria direito não só de exigir a devolução imediata, mas também a indenização pelas destruições e prejuízos. Não Eu, prefiro pensar na menos ofensiva destas hipóteses";


A fabulosa exportação de capitais não foram mais que o início de um plano ‘MARSHALLTESUMA’, para garantir a reconstrução da bárbara Europa, arruinada por suas deploráveis guerras contra os cultos muçulmanos, criadores da álgebra, da poligamia, do banho cotidiano e outras conquistas da civilização. Por isso, ao celebrar o Quinto Centenário do Empréstimo, poderemos perguntar-nos: Os irmãos europeus fizeram uso racional, responsável ou pelo menos produtivo dos fundos tão generosamente adiantados pelo Fundo Indoamericano Internacional? Lastimamos dizer que não. Estrategicamente, o dilapidaram nas batalhas de Lepanto, em armadas invencíveis, em Terceiros Reichs e outras formas de extermínio mútuo, sem outro destino que terminar ocupados pelas tropas gringas da OTAN, como no Panamá, mas sem canal. Financeiramente, têm sido incapazes, depois de uma moratória de 500 anos, tanto de cancelar o capital e seus fundos, quanto de tornarem-se independentes das rendas líquidas, das matérias primas e da energia barata que lhes exporta e provê todo o Terceiro Mundo.
Este deplorável quadro corrobora a afirmação de Milton Friedman, segundo a qual uma economia subsidiada jamais pode funcionar e nos obriga a reclamar-lhes, para seu próprio bem, o pagamento do capital e os juros que, tão generosamente temos demorado todos estes séculos em cobrar. Ao dizer isto, esclarecemos que não nos rebaixaremos a cobrar de nossos irmãos europeus as vis e sanguinárias taxas de 20 e até 30 por cento de juros, que os irmãos europeus cobram dos povos do Terceiro Mundo. 

Nos limitaremos a exigir a devolução dos metais preciosos adiantados, mais o módico juros fixo de 10 por cento, acumulado somente durante os últimos 300 anos, com 200 anos de graça. Sobre esta base, e aplicando a fórmula europeia de juros compostos, informamos aos descobridores que nos devem, como primeiro pagamento de sua dívida, uma massa de 185 mil quilos de ouro e 16 milhões de quilos de prata, ambos valores elevados à potência de 300. Isto é, um número para cuja expressão total, seriam necessários mais de 300 algarismos, e que supera amplamente o peso total do planeta Terra. Muito pesados são esses blocos de ouro e prata. Quanto pesariam, calculados em sangue?

Alegar que a Europa, em meio milênio, não pode gerar riquezas suficientes para cancelar esse módico juro, seria tanto como admitir seu absoluto fracasso financeiro e/ou a demencial irracionalidade das bases do capitalismo. Tais questões metafísicas, desde logo, não inquietam os indoamericanos. Mas exigimos sim a assinatura de uma Carta de Intenção que discipline os povos devedores do Velho Continente, e que os obrigue a cumprir seus compromissos mediante uma privatização ou reconversão da Europa, que permita que a nos entregue inteira, como primeiro pagamento da dívida histórica."




Fonte:

Ilustração -  Istagram: @rodsouzaarts

Facebook - Rodney Souza

CHASTEEN, John Charles. América Latina: uma História de Sangue e Fogo.

GALEANO, Eduardo. As veias abertas da América Latina.

SCHWARCZ, Lilia Moritz. O Espatáculo das raças: cientistas, instituições e questão racial no Brasil 1870-1930

FILHO, Daniel Aarão, FERREIRA, Jorge e ZENHA, Celeste. O Século XX: o tempo das dúvidas.

segunda-feira, 29 de outubro de 2018

Tudo pela audiência!

Com o apoio de 57,7 milhões de brasileiros, Jair Messias Bolsonaro, tornou-se o 38º presidente do Brasil. Por conseguinte surgiram infinitos questionamentos sobre a sua ascensão meteórica na política brasileira. Porém, não se pode esquecer que a saída do anonimato foi promovida pelo somatório de ações da mídia, como por exemplo: o comportamento preguiçoso de buscar notícias que realmente sejam informativas e a  necessidade de aumentar a qualquer custo os seus pontos de audiência.

Logo, programas televisivos, com expressão nacional que, visando conseguir míseros pontos de audiência apelavam para nudez, para a divulgação diária sobre o cotidiano das celebridades globais, ou para as contendas produzidas em Reality Show, e quando iniciava um período de ociosidade. Ou seja, um momento em que não há o que noticiar, somatizado à preguiça e o comportamento maligno sempre presente na imprensa, a luz no fim do túnel dos programas supracitados, outros já extintos, foram os convites feitos ao deputado federal na época, a partir de 2010, para participar de sabatinas sem nenhum viés político ou social. Com isso, as respostas obtidas pelos entrevistadores eram sempre sobre desmoralização, direcionadas a determinados grupos sociais, o que ajudava a propagar insultos nas redes sociais.



As respostas dadas pelo deputado federal na época, não estava difamando ou colocando sua reputação política em jogo, e sim agradando cidadãos com os mesmos pensamentos, e por não poderem falar abertamente em rede nacional, por conta do anonimato, enxergavam o Bolsonaro como uma espécie de "porta-voz". Assim, percebendo que os programas lucravam com a sua presença e garantiam os  desejados pontos no Ibope, o Messias insistiu em repetir seu discurso acalorado, em que afirmava  não fazer parte da política brasileira existente, que representava a "novidade". Junto a essa imagem de "homem de bem", aproveitou a desinformação de parte da sociedade para reproduzir notícias falsas, como: a distribuição do "kit gay" nas escolas, a destruição da família por parte das políticas públicas desenvolvidas pelos políticos progressistas, a aproximação entre o Brasil governado pelo PT e o Comunismo da extinta Guerra Fria, a utilização do nome de Deus em vão para angariar eleitores no cenário político e a transformação dos partidos progressistas e os seus representantes no "mal" que deveria ser combatido e banido do país. Com isso, a mídia através dos seus programas semanais, desejando manter sua audiência, ajudou a disseminar, o pensamento "conservador" de Bolsonaro, que apresentou a sociedade brasileira, a visão "Maniqueísta" do Brasil.  Ou seja, o Mal (progressistas) versus o Bem (conservadores).

Após os entrevistadores notarem que, a presença de um outro personagem, com um pensamento extremamente oposto ao do Bolsonaro promoveria polêmica e discussões acaloradas. A participação do Deputado foi se tornando cada vez mais comum nas emissoras de televisão. Logo, as opiniões divergentes, para determinados assuntos considerados polêmicos - por parte da sociedade brasileira com herança colonial - fazia subir a temperatura das entrevistas e consequentemente os programas conseguiam a audiência desejada, e os espectadores e telespectadores polarizavam-se, e tomavam para si, as opiniões e as verdades dos respectivos entrevistados.

Outro ponto positivo utilizado pelo 38º presidente eleito, foi a concessão dada ao comediante do programa "Pânico", acredita-se que de forma intuitiva, mas também o mesmo percebeu que para os eleitores brasileiros a política e a comédia caminhavam de mãos dadas, logo palavra "Mito" de tanto ser repetida como piada pelo personagem Bolsonabo, teve o seu real significado ignorado, e se transformou na palavra chave do jingle de campanha presidenciável de Jair Bolsonaro. 

A mídia sempre utilizou o cotidiano e a imagem de personalidades e celebridades - até aquelas com fama meteórica - para atingir os desejados pontos no Ibope. Mas não se atentou para filtrar o que estava sendo noticiado, e por ignorar a velocidade da internet e o uso das redes sociais, esse conteúdo se tornou viral, e assim transformou o Bolsonaro em um fenômeno político, fortaleceu e encorajou os racistas, misóginos e homofóbicos e os transformou em cabos eleitorais, utilizando suas redes sociais para disseminar o discurso de ódio. Não satisfeita, ainda participou de forma efetiva na escolha do candidato para exercer o cargo de presidente da República Federativa do Brasil.

Podemos considerar que o Bolsonaro usou a preguiça e o lado maligno da mídia ao seu favor? Será que foi de forma intuitiva,  que o Deputado aceitou os convites dos despreocupados apresentadores de programas televisivos para responder suas perguntas? Uma coisa podemos "concluir", usando e abusando da sua imagem, da sua personalidade, do seu temperamento, das suas respostas e de suas verdades, a mídia televisiva deu um tiro no próprio pé.







Fonte:

KARNAL, Leandro. Todos contra todos: o ódio nosso de cada dia.

GOMES, Marcus Alan. Mídia e Sistema Penal: as distorções da criminalização nos meios de comunicação

LIRA, Rafael de Souza. Mídia Sensacionalista: o segredo de justiça como regra


Documentário:

Fake News: made in Brasil.


Programas Televisivos:


The Noite.

Elas Querem Saber - Raul Gil.

Programa do Jô.

Pânico.

CQC.














quinta-feira, 26 de abril de 2018

Fessô, explica aquela parada entre Israel e Palestina?

O ataque dos EUA à Síria trouxe a superfície de um dia qualquer, em sala de aula, as seguintes perguntas dos alunos:
(Aluno) Aquele ataque dos (estadosunido) a Síria (tá) ficando igual aquela parada entre Israel e Palestina, nunca vai (tê) fim né, fessô?
(Professor) - Pessoal, antes de pensar no fim do conflito entre Israel e Palestina, primeiro é necessário entender o início. 

Em seguida, disparou uma aluna do fundo da sala: Prof, explica esse bagulho de ódio entre judeu e árabe “pra” gente?
(Professor) - A primeira mudança a ser feita, é abandonar a ideia de "ódio eterno" entre judeus e árabes. Pois, num determinado momento da Idade Média (século V - XV) ambos os lados viveram de forma amistosa quanto sociedade - Na Espanha islamizada, comunidades judias eram protegidas pelos islâmicos contra a perseguição religiosa realizada pelos cristãos.
(Aluno) Caraca fessô, então judeu e árabe já foi “fechamento”?
(Professor) - Sim, existia uma boa convivência entre os dois povos em determinados lugares da Europa e da Ásia Ocidental (Oriente Médio)

(Professor) O fácil acesso aos aparelhos eletroeletrônicos, a internet e aos veículos de comunicação do século XX, nos faz observar de forma superficial e fragmentada que, os conflitos existentes entre palestinos e israelitas são de dois povos que sempre foram inimigos.
(Aluno) Fessô, não entendi nada, essas “parada” de internet, veículo de comunicação?
(Professor) - Retomando a explicação: a atual região que vive em conflito (Israel/Palestina) fazia parte do Império Turco Otomano. Observem o mapa da página 233.

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(Professor) O Reino Unido visando conseguir apoio do povo local, em 1917, na Primeira Guerra Mundial, criou a "Declaração de Balfour" que consistia em, construir países independentes para árabes e judeus na região, assim que os turcos fossem derrotados. 
(Professor) Logo, com o fim da guerra, ocorreu a fragmentação do Império Turco, isto promoveu o aumento da imigração judaica para a região, a mesma em que o povo árabe viveu até o fim da guerra, sob o domínio dos turcos.
(Aluna) Prof, os “judeu” foi aonde “pra quere voltá”?
(Professor) - Por sofrer com a dominação do Império Romano na região, o povo judeu realizou o êxodo. Ou seja, uma saída para diversas partes do mundo.
(Aluna) Ihhh, os “judeu” meteram o pé, fessô?
(Professor) - Sim, realizaram uma fuga, principalmente para a Europa!
(Aluno) Mano, os “árabe” é brabo, tá! Ficaram até o final fazendo na mão contra os “alemão” (inimigo)! 
(Professor) Outros eventos contribuíram para o deslocamento do povo judeu em direção a Palestina, como o Holocausto, o fim da Segunda Guerra mundial e a crença na "Declaração de Balfour".
(Professor) Observem o mapa do início da ocupação judia de 1920 até 1947, na página 234.

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(Aluna) Prof, essa parada aí não deixou os “árabe bolado”?
(Professor) - Sim, vou explicar.

(Professor) Esse movimento migratório foi observado como uma invasão pelos árabes por nunca deixarem a região. Com isso, surgem as primeira revoltas de palestinos e judeus, nos anos de 1930-40, contra a indefinição na criação dos Estados Independentes para os dois povos.
(Aluno) A Inglaterra falou que “ia resolve a parada” e não resolveu, fessô?
(Professor) - Isso aí! Mas foi porque o Reino Unido que possuía a tutela sobre a região, estava mais  preocupado em se reconstruir após a Segunda Guerra Mundial e manter o seu Império Colonial na Ásia e na África, do que resolver a questão territorial entre palestinos e judeus.
(Aluna) “Ihhh, mó tratante, prof”! 
(Professor) Foi mesmo, principalmente para os palestinos que lutaram ao lado dos ingleses e derrotaram o Império Otomano na Primeira Guerra Mundial.
(Aluna) Caraca mano, Inglaterra “mó” falsa aí!
(Professor) Continuemos aqui! Logo, a Inglaterra transferiu o assunto da criação dos dois países para a ONU que, simpatizada com a causa judaica em relação ao Holocausto, criou o Estado de Israel, em 14 de maio de 1948, na região ocupada a quase dois mil anos pelos palestinos.
(Aluno) Ihh mano, essa parada não deu merda?
(Professor) - Sim, observem o mapa da página 236, por favor.

(a cor laranja no mapa se tornou o Estado de Israel)
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(Professor) A criação do Estado de Israel respeitou os primeiros locais ocupados pelos colonos judeus a partir de 1920, e os árabes ficaram com a parte amarela do mapa, e as outras áreas como está exposto no mapa acima, na cor laranja, ficou sob o domínio judeu, e a cidade de Jerusalém seria uma zona internacional.
(Aluno) “Ahhhh coé fessô”, que parada é essa de zona?
Todos os alunos gargalharam com a piada do aluno.
(Professor) - Vou parar de explicar!
(Aluno) Foi mal fessô, continua a parada aí!
(Aluna) Poxa fessô, os “árabe” perderam vários territórios, né?
(Professor) - Exatamente. O mais interessante nesse mapa, é que, o novo território judeu ficou com saída para dois mares, uma para o Mar Vermelho que possui uma saída para o Oceano Índico, e o outro para o Mar Mediterrâneo, o que é possível navegar em direção ao Oceano Atlântico. Isto em termos geopolíticos foi ótimo para a economia de Israel, diferentemente da Palestina.
(Aluno) Fessô, os (árabe) se f......... nessa parada aí!
(Professor) - Olha a boca pessoal!
(Professor) Vamos observar o mapa através dos números de território/habitantes. Os palestinos, com uma população de 1.4 milhões de habitantes ficou com 48% do território. Já os judeus, com 600 mil habitantes ficaram com 54%.
(Aluno) Aí fessô, os (árabe) só se f......!
(Professor) Olha o xingamento.

(Professor) Essa divisão territorial provocou a rejeição dos povos árabes vizinhos em relação aos judeus que, entenderam a criação do Estado de Israel como, mais uma intervenção dos países ocidentais através da ONU(Organizações das Nações Unidas) na região que, historicamente já havia sido dominada pelo Império Otomano e pela Inglaterra.
(Aluno) Essa ONU aí é mandada heim fessô!

(Professor) Atenção pessoal! O povo palestino foi o que mais rejeitou, já que, os judeus não habitavam a região por quase dois mil anos. E ainda, os massacres e as perseguições religiosas contra o povo judeu foram eventos realizados na Europa - a Alemanha de Hitler não foi o único país europeu a perseguir judeus nos anos de 1930-40 - e não na Ásia Ocidental(Oriente Médio).
(Aluna) Prof, então a Inglaterra, França, Itália, geral na Europa era "bolado" com os (judeu)?
(Professor) - Exatamente, quem cometeu o Holocausto foi a Alemanha nazista, mas vários países europeus contribuíram de forma indireta para o extermínio de quase seis milhões de judeus.
(Aluno) Que isso, mano? Morreu muita gente!

(Professor) Retornando: o direito dos judeus em ocupar o território dividido pela ONU, devido a sua ancestralidade estava garantido. Logo, não é correto entender que o povo palestino foi o único prejudicado com a criação do Estado de Israel, já que, ambos os povos sofreram com invasões, dominações e perseguições realizadas por Impérios e Reinos distintos.
(Professor) Com isso, a História prova que, tanto os palestinos quanto os judeus possuem o mesmo direito de habitar a região, mas por interesses econômicos e geográficos, ambos foram prejudicados mais uma vez com essa divisão realizada pela ONU.
(Aluno) Fessô, essa ONU aí é (mó) filha da p......!
(Professor) Pessoal, olha o xingamento!

(Professor) Voltando aqui: isto provocou o primeiro conflito Árabe-israelense 1948-49, em que Israel saiu vitoriosa da guerra. Essa vitória levou a anexação de territórios palestinos fazendo o Estado israelita se expandir. Pelo lado árabe, a guerra ficou conhecida como al-Nakba (A Catástrofe), já os judeus chamaram o conflito de "Guerra de Independência".
(Aluno) Aí fessô, de novo os (árabe) sendo prejudicado!
(Professor) - Sim, mas foram prejudicados por conta dos países árabes(Egito, Síria, Iraque, Jordânia, Líbano e Arábia Saudita) que declararam guerra de forma desorganizada à Israel .
(Professor) O domínio judeu nesses novos territórios promoveu o êxodo palestino para a região do Líbano e Jordânia, e para aqueles palestinos que permaneceram nos territórios dominados por Israel até os dias atuais, possuem os seus direitos civis restritos e são classificados como "árabes-israelenses".
(Aluno) Ohhh fessô, como assim, direitos civis restritos?
(Professor) - Os palestinos tem o direito de viver nos locais dominados pelos judeus, mas não podem ocupar cargos na polícia, no exército israelita e outros empregos públicos em Israel!
(Aluno) Isso aí é vacilação!
(Professor) - Sim, o nome é xenofobia!
(Aluna) Que parada é essa, prof?
(Professor) - É a mesma coisa que desconfiança, medo e antipatia aquele que possui uma cultura diferente do país que o mesmo está vivendo.
(Aluna) Tô ligada!

(Professor) Retomando aqui: Com o fim desse conflito de 1948, havia dois territórios livres para os palestinos ocuparem após a guerra, a Faixa de Gaza(administrada pelo Egito) e a Cisjordânia(administrada pela Jordânia), observem o mapa na página 236.
Mapa da região da Palestina após a Primeira Guerra Árabe-israelense

(Professor) Em 1948, a parte laranja era território de Israel, a parte em verde claro após a guerra, ficou sob o domínio judeu. Ao analisarmos o início da colonização judia a partir do primeiro mapa da região Palestina desde 1920, é possível concluir que, desde a formação do Estado de Israel, os judeus seguiram ocupando várias partes do território, e deixaram apenas a parte cinza(Gaza) e a verde escura(Cisjordânia) para os palestinos. A cidade de Jerusalém que era um local de administração internacional, também foi dominada por Israel.
(Aluno) Poxa fessô, então vai rolar mais guerra?
(Aluno) Lógico mano, os (árabe) não vão aceitar essa covardia!

(Professor) Essa expansão territorial realizada por Israel deixou os palestinos privados de boa parte do seu antigo território.
(Professor) Essa privação, fez surgir na década de 1950, os primeiros grupos armados de resistência palestina: o Fatah (grupo que dominou o cenário político palestino até os anos 2000. Nacionalista e laico).
(Aluna) Laico? Como assim, prof?
(Professor) - a palavra "laico" significa que o grupo Fatah não permitia interferência religiosa do Islã em assuntos políticos.
(Aluna) Ahhh, (tô) ligada!

(Professor) Retomando: e o outro grupo era o Hizb al -Tahrir, que tinha como objetivo implantar um califado. Ou seja um grande Império Muçulmano Unificado, ligado a religião islâmica de forma fanática!
(Aluna) Tendi não, fessô?
(Professor) Por exemplo: podemos compará-lo ao que hoje chamamos de Estado Islâmico. Ou seja, um grupo armado que justifica suas ações terroristas através do "mau" uso da religião islâmica.
(Aluno) Fessô, o que significa esse bagulho aí de Hizb al...  ahhh não sei (falá) essa parada, não?
Todos os alunos gargalharam, por conta da dificuldade do aluno em pronunciar o nome do grupo armado palestino de forma correta!

(Professor) Por favor, atenção gente! Então, Hizb al - Tahrir, significa "Partido de Libertação"!
(Aluno) Já é, fessô!
(Professor) Assim, com o surgimento desses dois grupos armados, nós(mundo ocidental) passamos a conhecer "A Questão Palestina"!
(Professor) Ou melhor, no dialeto de vocês, "Aquela parada entre Israel e Palestina" que não tem fim!
(Aluno) Agora a bala vai comer, né fessô?
(Professor) - Vai, mas não hoje.
(Aluna) Poxa prof, agora que a aula (tá) ficando braba?
(Professor) - Eu sei! Mas semana que vem a gente continua!
(A turma) - AHHHHHHH fessô, (vacilô)!

(Professor) Não deixem de fazer os exercícios da página 238. Até semana que vem!
(A turma) - Já é fessô! Tamo junto!


Fonte:

SAID, Edward W. Cultura e Imperialismo.

SAID, Edward W.  Orientalismo.

SAID, Edward W.  A Questão Palestina.

BRENNER, Michael. Breve História dos Judeus.

Filmografia:

O Físico - 2013.