sábado, 16 de outubro de 2021

Um dia, após o “dia do Professor”!

(Aluno) - Professor, por que o senhor é assim?(Professor) - Assim como? 

(Aluno) - Ahh desse jeito, coloca vídeo no YouTube, resumo no Instagram, nas aulas presenciais está sempre falando de vestibular e concursos, está sempre motivando geral a assistir filmes, ler livros, ir aos museus e à exposição… 

(Professor) - Filho, se hoje sou professor de História, sou Historiador, sou de Ciências Humanas, sou de Esquerda, disponibilizo conteúdos gratuitamente nas redes sociais… foi porque meu pai e minha mãe faziam questão de, independente da minha idade, relatar momentos políticos, econômicos e sociais que eles enfrentaram na longa trajetória de suas vidas, e que, eu e meus irmãos iríamos enfrentar, caso o Brasil continuasse sobre o julgo desses governantes interessados com os próprios interesses e com os projetos financeiros de banqueiros, empresários e latifundiários! 

(Professor) - Assim, meu pai e minha mãe faziam questão de me ensinar que o mesmo domingo de sol, de praia, também poderia ser um ótimo domingo de museu, de centro cultural, de teatro, de exposição, de cinema, e ainda, me mostrava que os filhos da elite não estavam nas praias no fim de semana, e sim nesses espaços culturais! 

(Professor) - Por conseguinte, cresci observando que o público desses espaços, as crianças e os adolescentes que frequentavam esses lugares, não pareciam e nem se vestiam como eu e os meus colegas de bairro! 

(Aluno) - Então, o senhor está dizendo que, enquanto a gente vai pra (à) praia, praça, brinca, etc, num dia de sol, os filhos dos ricos visitam essas paradas aí? 

(Professor) - Exatamente! É possível fazer tudo isso que você enumerou, mas faz-se necessário visitar lugares que nos deixam ensinamentos políticos, econômicos e sociais. Ou seja, é necessário também criar o hábito de ter dias com atividades culturais! 


(Aluno) - Poxa professor, mas aí como a gente vai nesses lugares, se tá (está) tudo caro? 

(Professor) - Mas existem espaços culturais que apresentam peças de teatro, exposições de arte, etc, de forma gratuita! 


(Aluno) - Sério, professor? 

(Professor) - Sim, eu poderia citar vários nomes! 

(Professor) - Mas o meu objetivo aqui não é falar os nomes desses espaços culturais e sim motivá-los a enxergar que, o mundo é algo maior que essa realidade que, vocês estão inseridos! 


(Aluno) - Ahh professor, viajei aí nesse bagulho de mundo maior, de realidade… 

(Professor) - Eu fui exercitado a olhar o local em que vivia, e me incomodar com esse sistema excludente, elitista, competitivo, que me obrigava a viver apenas no meu bairro e nos espaços carentes culturalmente disponíveis pelos governantes! 

(Aluno) - Professor, a parada então, é ter vontade de visitar esses lugares aí, que o senhor falou? 

(Professor) - Exatamente, porque o sistema educacional, me obriga avaliar os(as) alunos(as) de forma quantitativa, por provas e notas, me obrigando ainda, a ignorar as suas qualidades individuais! Ou seja, o correto seria que, além das provas, eu pudesse avaliar vocês de forma qualitativa também! 

(Aluno) - viajei… 

(Professor) - Nem todos gostam das mesma disciplina, uns gostam de Matemática, outros de História, tem aqueles que sabem desenhar, e aqueles que gostam de dançar, atuar, tocar instrumentos, etc! 

(Professor) - Aonde eu quero chegar com isso? Deveria existir outras formas de avaliação além da prova, o(a) aluno(a) com aptidão artística poderia fazer uma música, uma dança, uma rima, um ato cênico, ligado a disciplina de Matemática ou de História, e assim trabalharíamos o lado criativo do(a) aluno(a)! 

(Aluno) - Poo🤬🤬 aí seria top, professor!  

(Professor) - Logo, esses lugares culturais serviriam de combustíveis para alimentar o lado lúdico que cada aluno tem e por não conhecer esses espaços acabam deixando de exercitar essas habilidades por falta de incentivo ou até pré-conceito de outras pessoas em relação as suas habilidades! 

(Aluno) - Assim a gente poderia se inspirar em vários bagulhos de arte né, professor? 

(Professor) - Claro, mas até a avaliação de vocês não ajudam! 

(Aluno) - Como assim, prof? 


(Professor) - As provas, as notas que vocês conseguem em cada disciplina está longe de ser uma avaliação justa, pois além de ignorar suas qualidades individuais, ainda ignoram as suas particularidades econômicas e sociais! 

(Professor) - Ou seja, sou professor há 15 anos, mas confesso que a sala de aula lotada, a exploração em que o professor(a) é submetido(a), salário baseado em hora/aula, a obrigatoriedade do uso do livro didático, em que, na maioria dos casos, os pais são obrigados a fazerem cópias para que vocês, alunos(as) tenham acesso ao conteúdo, e conteúdo este, criado por grupos financistas que transformaram a Educação num grande negócio $, e ignoram cada vez mais os projetos realmente ligados à Educação, tem me enojado! 


(Aluno) - Que isso, professor? 

(Professor) - O Sistema Educacional que, vocês estão inseridos, e que, eu como professor, sou obrigado a seguir, só serve para manter vocês desinformados, e sempre distantes daqueles espaços culturais citados anteriormente! 

(Aluno) - Como assim, professor? Ué, mas não tem aquele bagulho de que, “quem não vai pra escola vai puxar carroça”? 

(Professor) - Estudar é a melhor e a única opção para vocês, mas o que essa Educação tem mostrado nesses últimos 5 anos, é que, estou certo sobre a tese de um sistema educacional excludente capaz de produzir cada vez mais filas quilométricas de idosos nos hospitais públicos em busca da sobrevivência, moradores em situação de rua, vendedores e pedintes ambulantes, subempregos, adolescentes e jovens criminosos!

(Aluno) - Poxa professor, então a gente tá aqui a toa? 

(Professor) - Não e repito, que estar na escola é a melhor opção para vocês, mas com esse Sistema  Educacional, vocês estão sendo jogados no mercado de trabalho como jovens aprendizes com baixa remuneração e quando não conseguem entrar numa empresa, são obrigados a encarar uma jornada de trabalho para essas startups que, fisicamente o corpo de vocês não suportam! 


(Aluno) - Startup professor, que bagulho é esse? 

(Professor) - Sim, são aqueles trabalhos que aqueles jovens executam dia e noite, no sol e na chuva, entregando lanches/comidas com bicicletas! 

(Aluno) - Ahhh tô (estou) ligado! 


(Professor) - A maioria dos alunos(as) abandonam as escolas, por conta da falsa ilusão de que, quanto mais entrega fizer, mais dinheiro ele/ela vai ganhar! 

(Professor) - Na verdade, eles/elas estão apenas gerando riqueza para os donos dessas startups, e em troca não possuem nenhum vínculo empregatício! 

(Aluno) - Professor, viajei de novo, nesse bagulho aí de empregatício! 

(Professor) - Esse bagulho funciona assim, se um aluno(a)/entregador(a) sofre um acidente de bike, é atropelado na hora que for entregar o lanche, vocês acham que o dono do “Ifood” vai consertar a bike, bancar os remédios ou o tratamento dos(as) entregadores(as)?  

(Aluno) - Ué, não rola nenhuma ajuda, Professor? 

(Professor) - Não! Porque os(as) alunos(as)/entregadores(as) não possuem carteira de trabalho assinada! Ou seja, não possuem vínculo empregatício, não possuem direitos trabalhistas! 


(Professor) - Continuando no conceito de “mais valia” que expliquei semana passada… vocês já olharam nas ruas, dos bairros em que vocês residem, o aumento de pessoas vendendo coisas nas ruas, na porta de casa, pedindo dinheiro no sinal, nos bares, revirando lixo em busca de algo que possa ser vendido, ou que possa ser reaproveitado como alimento?

(Aluno) - Já professor, geral vendendo bolo de pote, sacolé, frango assado, doces, um monte de bagulho, sem contar aquela galera que está revirando lixo em busca de latinha de cerveja e garrafa de refrigerante, e restos de comida! 

(Professor) - Exatamente! 


(Professor) - Por conseguinte, cito a fotografia cedida pelo meu amigo/irmão Rafael Oliveira para que possamos refletir a seguinte mensagem: “Muito tiro, pouca aula. Pouca aula + bandido”! 




(Aluno) - Professor, aí diz que, quanto mais a bala come, menos a gente estuda, e aí mais tem bandido na pista? 

(Professor) - Exatamente! Mas vou além, enquanto votarmos em políticos preocupados em garantir apenas os lucros dos banqueiros, dos empresários e dos latifundiários, mais excluídos vocês estarão, e consequentemente mais vulneráveis a sofrer com a violência da polícia ou, como em muitos casos, muitos acabam apropriando-se da violência para conseguir seus sustentos, como consequência, ficaram amontoados nos presídios ou foram transformados num daqueles CPFs citados em programas que utilizam notícias sensacionalistas para garantir míseros pontos de audiência! 

(Aluno) - Tipo aquele “Cidade Alerta”, né professor? 

(Professor) - Sim! Com isso, cito as imagens do Cartunista das Cavernas para ilustrar que nós, não podemos votar em políticos que estão destruindo a Política, a Economia, a Saúde e a Educação do país, pois eles nos colocam num círculo vicioso! 


(Aluno) - Bagulho doido, né professor? 

(Professor) - Sim, e enquanto nós somos submetidos a esse sistema que nos obriga a aceitar a exploração  do patrão, ou somos obrigados a promover a violência em busca da sobrevivência, os políticos que protegem os lucros dos ricos e que, chegam ao poder através dos nossos votos, permanecem impunes em relação aos seus crimes e estarão sempre acima da lei! 




(Aluno) - Aí é f@🤬🤬! 

(Aluno) - E como a gente muda esse bagulho aí, professor? 

(Professor) - Escolhendo políticos que participam dos debates, que falem sobre projetos educacionais, econômicos e sociais voltados para os anseios do povo, votando de forma séria e não como torcedores de times de futebol, tendo consciência de classe, reconhecendo o meio em que vivem e o quanto é preciso melhorar a infraestrutura e a segurança dos nossos bairros, exigindo as mesmas melhorias e segurança existentes nos bairros nobres! 

(Aluno) - Aí é difícil, professor? 

(Professor) - Extremamente difícil, mas se desistirmos, nós seremos eternos reféns de um Sistema educacional, político, econômico e social excludente! 

(Professor) - Logo, estaremos sempre vivendo naquele círculo vicioso! Ou seja, uns aceitam ser explorados em troca de salários miseráveis e outros promovem a violência com a justificativa de estarem buscando a sobrevivência, e os políticos ligados aos grupos financistas, continuarão impunes e cada vez mais ricos! 


Fonte: 


FAUSTO, Boris. História concisa do Brasil. 


SCHWARCZ MORITZ, Lília. Sobre o Autoritarismo Brasileiro. 


História de um Zé - blogger 


Instagram: @historia_de_um_ze


Imagens: 


Fotografia - Rafael Oliveira 


Instagram: @rafaoliveira.rj 


Cartunista das Cavernas 


Instagram: @cartunista_das_cavernas 


segunda-feira, 27 de setembro de 2021

Ser idoso no Brasil é fod@!


Fica numa fila do caralho

Num hospital público lotado 

Com apenas um médico especializado 

Para atender mais de 500 idosos acamados


Jovem, está achando moleza

Ficar de jejum e com fraqueza

Com o peso no ombro 

De uma vida inteira? 

Fique 3 horas de pé numa fila 

E mais 4 horas sentado 

Numa dura cadeira! 


Uma Lei deveria

Obrigar o político

Buscar atendimento na UPA 

Ou na Clínica da Família 

Ahhh, mas isso é utopia! 


Mas já pensou como seria? 

Médicos sobraria,

Insumos e remédios teria,

Será que um idoso 

Numa fila morreria? 


Tudo na vida é política! 

Inclusive o exercício de empatia 

Parece que esses políticos 

Que votaram a favor da PEC 241

Saíram de qualquer coisa,

Menos de uma vagina! 


Irão falar: 

“Você é comunista?” 

“Ahhh deixe de rebeldia…”

Se isso não te revolta, mano

Ou você não tem consciência de classe 

Ou curte apoiar a covardia! 


Sucateamento na aposentadoria 

Sobrevivendo no dia a dia

O idoso deve escolher

Entre comprar remédio ou comida! 


No espelho das políticas públicas 

Reflete o descaso 

Entre e sai governo

E como legado

O idoso permanece abandonado! 


Quanto vale ou é por quilo? 

No Brasil tem idoso de todo tipo! 

Do que garimpa osso

Ao desnutrido! 

Daquele que compra

Carcaça de frango temperado

Ao que cata lata e revira lixo! 


Transporte público lotado 

Quando as vans param 

Seu lugar é cobrado

E nos ônibus

Seus assentos demarcados 

Estão sempre ocupados! 


Para acompanhar um idoso

Tem de ter alguém

Por ele, 

Paciente e disposto! 


Você ainda não acredita?

Ao idoso doe um tempo do seu dia

E reflita…


Hoje tu é jovem 

Amanhã será um deles

E o próximo daquela fila! 




Fonte: 


Hospital da Piedade - Rio de Janeiro 


Imagem: 


Cartunista das Cavernas 


Instagram: 


@cartunista_das_cavernas

segunda-feira, 6 de setembro de 2021

7 de setembro: o bagulho é feriado!

Amanhã é feriado? 

7 de setembro! 

Qual foi do motivo? 

Mano, nem lembro!  


Não aprendeu na escola? 

Sei que tem no livro de História 

Mas pra que gastar memória? 

Se na prova nós cola! 


Professor maneiro 

Falava de independência

O inglês emprestou dinheiro

E o Brasil ficou na falência! 


Saudades da escola

Ninguém copiava nada 

pegava umas mina 

E jogava bola


Agora nós tá aqui, assalariado… 

Relaxa, mano…

o bagulho é o feriado! 


Tem quem vai andar fardado

Tem quem vai andar de carro

Gasolina cara, gritando mito 

E um bonde desempregado!  


Arroz, feijão, carne,

E o gás, mano?

Tudo caro!

Mal dá pra tomar um gelo(cerveja) 

Fazer um churrasco! 


Tá sinistro, mano!

Trabalhador sem direito

Geral no semáforo

mendigando, dando um jeito…


Tô arrependido 

não sei História

Tá bom pra elite

E nós sem memória! 


7 de setembro, mano 

Lazer só pra quem é patrão!

Tem uns falando em Golpe!

Outros comunismo aqui, não!


Não entendo nada de política! 

Mano, só queria um feriadão! 

E esse bagulho de comunista? 

Sei lá! 

Restou apenas sofá, controle e televisão! 

Fonte: 

FAUSTO, Boris. História concisa do Brasil. 

SCHWARCZ, Lília Moritz. Sobre o autoritarismo brasileiro. 

CARVALHO, José Murilo de. Os Bestializados 


Filmografia: 

Democracia em vertigem 


Imagem: 

Cartunista das Cavernas 

Instagram: 

@cartunista_das_cavernas 

quinta-feira, 2 de setembro de 2021

No curral da imprensa!

Foi perguntado sobre o aumento do preço do feijão? 

E mais uma vez chamou atenção

Quando fez o povo de idiota 

Mandando todo mundo comprar um sete meiota 


E sobre o aumento da energia? 

O ministro da economia 

Mandou usar mais a luz natural do dia

Conclusão: após o (des)governo cagar pro horário de verão 

Além da crise hídrica 

Pode rolar um apagão 


E sobre os sete reais cobrado no litro da gasolina? 

“A culpa é do ICMS e não minha” 

Para piorar em 2022, 

Cortou 85% de verba na compra de vacinas 


Na live do Facebook, vai dizer que é mentira! 

Que a imprensa é comunista 

E só quer falar de vacina 

Então é só seguir o insta da Mídia Ninja


Foi indagado: “Presidente, já são quase 600 mil mortos no Brasil!” 

Fingiu que não ouviu…

Mas vale lembrar que em março de 2020, ele disse que não passaria de mil!


Tem algo a dizer sobre o Carlos Bolsonaro e a rachadinha? 

Falou que é fakeNews 

E mais um dia atacou a justiça e a Democracia 


E sobre a PL 490? 

 “índio não quer terra”

Então fale sobre a mobilização de quase 6 mil indígenas em Brasília? 

“Esquece esse negócio de indígena,

No dia 7 vai pra rua defender a Democracia” 


Presidente, já que o senhor demarcou nosso espaço

Tem algo a dizer sobre o Marco Temporal? 

Citou Roraima e tratou o assunto de forma banal 

E sobre o fogo que consome o Pantanal? 

“Seu idiota, cala boca! 

Você está proibido de entrar no meu curral!”




Fontes: 

Mídia Ninja 

The Intercept 

Sônia Guajajara 

Mídia Guarani 

Apib 

Imagem: 

Cartunista das Cavernas - Gilmar 

Instagram: @cartunista_das_cavernas

domingo, 22 de agosto de 2021

Messias, mas não o Salvador!!!

 Esse caos não faz muito tempo 

Começou 5 anos atrás 

Chamaram a mulher de corrupta

E fizeram impeachment em nome da paz! 


No Parlamento 

Exaltou Ustra e milícia 

Fugiu dos debates semanais

Mas com a ajuda do gabinete do ódio 

se fortaleceu cada vez mais! 


Tem messias no nome 

mas não tem nada de Jesus 

Quando foi eleito pelo povo 

Em troca tentou privatizar o SUS! 


Fez live no Facebook 

Com cloroquina na mão 

“E daí?”

“Não sou coveiro”

E disse ao povo: vacina da China, não!

 

Com mil mortos por dia

Ele chamava a covid de gripezinha

Enquanto Europa e China buscavam vacina

O Brasil receitava ivermectina! 


Produz Fake News todo dia

Como, riquezas naturais são da Nação! 

Libera garimpo na Amazônia 

E na ONU omitiu desmatamento e destruição! 


Defende Agronegócio,

Pros quilombolas quer escravidão! 

Não liga pro genocídio indígena

E suas terras 

Diz não a demarcação! 


Fala que defende o povo 

Mas protege multinacionais 

Retirou direitos trabalhistas 

E deseja vender estatais!


Desemprego só aumenta

E a fome do povo ainda mais 

Por favor eleitores

Em 2022, exorcizem o Satanás! 


Fontes: 

Democracia em vertigem 

The intercept 

Mídia Ninja 

Quebrando tabu 

Al Jazeera

Sônia Guajajará 

Organização Mundial de Saúde 

Organização das Nações Unidas 

Imagens: 

Cartunista das cavernas - Gilmar 

Instagram: @cartunista_das_cavernas 

segunda-feira, 16 de agosto de 2021

O desejo de dominar promove o extremismo!

(Aluno I) Professor, o que está acontecendo no Afeganistão? 

(Professor) - Para compreender o que está acontecendo naquela região, primeiro precisamos compreender que essa confusão tem origem desde de “Alexandre O Grande”! 

(Aluno I) Que isso, Professor? Sério?

(Professor) - Sim! Porque não é de hoje que o sentimento de dominar todos os povos do mundo produzido pelo etnocentrismo criado e idealizado pelos povos que ocupam território que chamamos de Europa, promove destruição, exploração, desmatamento, genocídio, etnocídio, devastação e outras mazelas aos povos dominados…

( Aluno I) Professor, viajei agora! 

(Professor) - Então, o conceito de etnocentrismo e eurocentrismo trabalhado na segunda fase da Revolução Industrial, que transformou as Nações europeias em potências imperialistas, e com isso produziu uma corrida por novos mercados consumidores e fornecedores de matéria prima e também mão-de-obra barata, tudo isso a partir do século XIX, ou seja, nos anos de 1800, fizeram as mesmas partilharem à África e à Ásia de acordo com seus interesses econômicos! 

(Aluno II) Mas professor, de onde o senhor tirou aquela parada do Alexandre O Grande? 

(Professor) - O império de Alexandre O Grande se estendia da Europa à Índia, mas quando tentou dominar o Afeganistão fora derrotado pela tribo “Tajique” - a principal etnia que ocupava a região - na batalha de Polytimetos, em 328 a.C. 

(Aluno II) Caraca professor, então o bagulho é antigo? 

(Professor) - Sim, e tem mais, seguindo o raciocínio supracitado no período do Imperialismo das Nações europeias, o Império britânico, na década de 1830, preocupado com o avanço territorial do Império russo na região do Afeganistão, levaram o governador-geral da Índia(colônia da Inglaterra) enviar tropas para ocupar Cabul! 

(Aluno I) Cabul professor, que lugar é esse? 

(Professor) - Sim! Cabul, é a capital do Afeganistão! Essa lugar recebeu tropas britânicas para ocupar a região e impedir que a Rússia fizesse isso! 

(Aluno I) Ahhh sim, mas e aí Professor, os britânicos conseguiram? 

(Professor) - Não, assim como Alexandre O Grande, os britânicos também perderam! Mas o revanchismo britânico promovido em 1842, só serviu para libertarem os prisioneiros ingleses, e destruir a cidade de Cabul! 

(Aluno I) porra Professor, sacanagem dos ingleses! Mas como ficou os caras do Afeganistão!? 

(Professor) - Não tiveram paz! 

(Aluno I) Como assim Professor, aconteceu outro bagulho lá? 

(Professor) - Sim! Após a destruição realizada pelos britânicos, os russos se aproximam das lideranças políticas do Afeganistão, em 1870! Mas a Inglaterra não ficou feliz com a notícia e novamente enviou tropas para região, entretanto dessa vez, após seis meses de batalha e por não compreender as complexas etnias que ocupavam o Afeganistão, o governo britânico retirou as tropas e desistiu de ocupar o local! 

(Aluno II) Caraca Professor, os maluco do Afeganistão são sinistro! E aí, ficaram de boa depois disso? 

(Professor) - Não, em 1979 a União Soviética ocupa a região, mas após violentas batalhas providas pelas etnias afegãs, patrocinadas pelos EUA e Arábia Saudita com armamentos e táticas de guerrilhas, criando uma milícia armada e fundamentalista chamada de Talibã, conseguem expulsar as tropas da União Soviética! Basta você(aluno) assistir o filme “Rambo III” para entender essa aliança entre etnias afegãs e os EUA! 

(Aluna I) Por que o nome Talibã, Professor? 

(Professor) - Talibã, na língua local significa estudantes, e estes são oriundos das madraças! 

(Aluno II) Que bagulho é esse, de madraças? 

(Professor) - São escolas islâmicas que utilizam o Alcorão (Corão) livro sagrado do islamismo de forma radical para assim doutrinar seus estudantes!

(Aluno II) As invasões continuaram? 

(Professor) - Sim, pois o Afeganistão talvez se torne um dos maiores produtores mundiais de cobre, lítio e minério de ferro, e ainda é um dos maiores produtores de ópio do mundo, um alucinógeno que se extrai a morfina! Logo, tem produtos de sobra que interessam os países europeus e os EUA! 

(Aluno I) Por isso que rola tanta invasão e guerra? 

(Professor) - Exatamente! 

(Aluna I) Mas teve outras invasões? 

(Professor) - Sim, em 2001 os EUA invadiram o Afeganistão! 

(Aluno I) Ihhh maior vacilo, ajudou os cara contra a União Soviética e depois invadiram? 

(Professor) - Exatamente! O pior é que depois de 20 anos de exploração das empresas norte-americanas sobre a mão-de-obra afegã, inflação que só serviu para promover a miséria e a desigualdade social na região, como também a promoção e manutenção de governantes afegãos fantoches, ou seja, aliados aos interesses financeiros dos empresários e dos banqueiros estadunidenses, o Talibã, segundo seus pensamentos,  resolveu libertar o Afeganistão dos tentáculos do capitalismo norte-americano! 

(Professor) O problema é que essas invasões, dominações e esse histórico de guerras no currículo do Afeganistão, fez surgir um extremismo religioso capaz de utilizar o terrorismo como uma ferramenta para expor o descontentamento de etnias árabes que ao longo da História, sofreram e sofrem com a dominação imposta pelos impérios econômicos ocidentais! 

(Aluno I) Pelo menos agora, os cara do Afeganistão ficará de boa!

(Professor) Acredito que não, porque eles podem sofrer várias sanções econômicas, e aí o caminho que o Afeganistão seguirá, será o mesmo de alguns países africanos! 

(Aluna II) Como assim, Professor? 

(Professor) - Ou seja, o Afeganistão pode se aliar a China, que por desejar cada vez mais mercados consumidores para os seus produtos, e novos fornecedores de matérias-primas e mão-de-obra barata  poderá reconhecer o Talibã como uma nova força política e consequentemente, como um governo legítimo! 

(Aluno I) Então, esse o bagulho todo só acontece por causa do dinheiro né, Professor? 

(Professor) - Exatamente! Ou seja, nenhuma vida, etnia ou religião importa, apenas o lucro das multinacionais! Só que agora, são os interesses econômicos chineses que estão na bola da vez!  

(Aluna I) Professor, e o que muda para as mulheres nessa confusão do Afeganistão? 

(Aluna II) Professor, eu vi no noticiário que as mulheres usarão aquelas roupas malucas! 

(Professor) - Por ser um grupo político que utiliza a religião islâmica fundamentalista, as mulheres utilizarão a “burca”, o casamento forçado retornará, e ainda, as mesmas serão proibidas de frequentar escolas, universidades e até trabalhar fora… logo a interferência político-econômica das potências ocidentais sem responsabilidade, interfere indireta e diretamente na vida social do Afeganistão, principalmente na vida política, econômica e social das mulheres afegãs! 



Fontes: 

DA COSTA, Emília Viotti. Revolução Iraniana - Revoluções do século XX. 

SAID, Edward W. Orientalismo. 

SAID, Edward W. Cultura e Imperialismo. 

SARAIVA, José Flávio Sombra. O lugar da África. 

Filmografia: 

Rambo III. 

Apocalipse Now.

Platoon. 

Imagem: 

Cartunista das cavernas 

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sexta-feira, 5 de março de 2021

Fragmentar para dominar!

Muito se fala sobre novos projetos e desafios para Educação, e ao analisar o que se tem nas escolas e o que se trabalha em sala de aula, é possível compreender a dificuldade de inserção dos(as) alunos(as) nas sociedades atuais quando tornam-se cidadãos(ãs), assim como possuem dificuldade para compreender ou simplesmente tolerar aquilo que foge do senso comum. 

Logo, parafraseando o pensador Edgar Morin, utilizando o seu texto “Os sete saberes necessários à educação no futuro”, foi possível considerar que não há nenhum projeto escolar ou universitário abordando temas que complementam todos os níveis da Educação. Ou seja, não existe um projeto educativo para contemplar o ensino primário, o secundário e nem o ensino universitário, pois o que parece é que, manter os ensinos e/ou as disciplinas com os seus conteúdos fragmentados, é e sempre foi do interesse e de extrema importância para um pequeno grupo da sociedade se perpetuar no poder. 

Segundo o autor, isso acontece porque que não ensinamos as condições de um conhecimento pertinente, isto é, de um conhecimento que não mutila o seu objeto. Por que? Porque nós seguimos em primeiro lugar, um mundo formado pelo ensino disciplinar e é evidente que as disciplinas de toda ordem que ajudaram o avanço do conhecimento são insubstituíveis, o que existe entre as disciplinas é invisível e as conexões entre elas também são invisíveis, isto não significa que seja necessário conhecer somente uma parte da realidade, é preciso ter uma visão que possa situar o conjunto. 

Com isso, o ensino sobre economia, que é uma das ciências humanas mais avançada, mais sofisticada, não possui êxito nas suas previsões, porque está ensinando de um modo que privilegia o cálculo e esquece todos os outros fatores, os aspectos humanos! Ou seja, o sentimento, a paixão, o desejo, o temor, o medo. Assim, quando há um problema na bolsa de valores, quando as ações despencam, aparece um fator totalmente irracional que é o pânico, que, frequentemente, faz com que o fator econômico tenha a ver com o humano, e por sua vez se liga à sociedade, à psicologia, à mitologia. Essa realidade social é multidimensional, o econômico é uma dimensão dessa sociedade, por isso, é necessário contextualizar todos os dados. E aí, trazendo toda essa fala para a Educação, mais uma vez mostra-se necessário a importância do ensino interdisciplinar em sala de aula. 

Contudo, se não houver os conhecimentos históricos e geográficos para contextualizar, cada vez que aparece um acontecimento novo que nos faz descobrir uma região desconhecida, como o Kosovo, o Timor ou Serra Leoa, não entendemos nada. Portanto, o ensino por disciplina, fragmentado e dividido, impede a capacidade natural que o espírito tem de contextualizar, é essa capacidade que deve ser estimulada e deve ser desenvolvida pelo ensino de ligar as partes ao todo e o todo às partes. Pascal dizia, já no século XVII, e que ainda é válido: “Não se pode conhecer as partes sem conhecer o todo, nem conhecer o todo sem conhecer as partes”.

A identidade humana é extremamente ignorada pelos programas educacionais. Podemos perceber alguns aspectos do homem biológico em Biologia, alguns aspectos psicológicos em Psicologia, mas a realidade humana é indecifrável. Somos indivíduos de uma sociedade e fazemos parte de uma espécie. Mas estamos em uma sociedade e a sociedade está em nós, pois desde o nosso nascimento a cultura se imprime em nós. Nós somos de uma espécie, mas ao mesmo tempo a espécie é em nós e depende de nós. Se nos recusamos a nos relacionar sexualmente com um parceiro de outro sexo nós acabamos com a espécie. Portanto, o relacionamento entre indivíduo-sociedade-espécie é como a trindade divina, um dos termos gera o outro e um se encontra no outro. A realidade humana é trinitária, assim concluiu Edgar Morin.

Portanto, é preciso ensinar a unidade dos três destinos, porque somos indivíduos, mas como indivíduos somos cada um, um fragmento da sociedade e da espécie homo sapiens a qual pertencemos, e o importante é que somos uma parte da sociedade, uma parte da espécie, seres desenvolvidos sem os quais a sociedade não existe, a sociedade só vive dessas interações. É importante, também mostrar que, ao mesmo tempo que o ser humano é múltiplo, existe a sua estrutura mental que faz parte da complexidade humana, isto é, ou vemos a unidade do gênero e esquecemos a diversidade das culturas, dos indivíduos, ou vemos a diversidade das culturas e não vemos a unidade do ser humano. Esse problema vem causando polêmicas desde o século XVIII, quando Voltaire disse: “Os chineses são iguais a nós, têm paixões, choram”. E Herbart, o pensador alemão, afirmou: “Entre uma cultura e outra não há comunicação, os seres são diferentes”. Os dois tinham razão, mas na realidade essas duas verdades têm que ser articuladas, nós temos os elementos genéticos da nossa diversidade e, é claro, os elementos culturais da nossa diversidade.

É preciso lembrar que rir, chorar, sorrir, não são atos aprendidos ao longo da educação, são inatos e modulados de acordo com a educação. Heigerfeld fez uma observação sobre uma jovem surda, muda de nascença que ria, chorava e sorria. Atualmente, estudos demonstram que o feto começa a sorrir no ventre da mãe, talvez, porque não saiba o que o espera depois... Mas isso nos permite entender a nossa realidade, nossa diversidade e singularidade. Então, quando se trabalha o ensino da literatura e da poesia, não devemos considerá-las como secundárias e não essenciais, priorizando apenas o ensino da Matemática e da Língua Portuguesa como acontece nos principais concursos e instituições de ensino. A literatura é para os adolescentes uma escola de vida e meio para se adquirir conhecimentos. As ciências sociais vêem categorias e não indivíduos sujeitos a emoções, paixões e desejos. A literatura, ao contrário, como nos grandes romances de Tolstoi, aborda o meio social, o familiar, o histórico e o concreto das relações humanas com uma força extraordinária. Assim, podemos dizer que as telenovelas também nos falam sobre problemas fundamentais do homem; o amor, a morte, a doença, o ciúme, a ambição, o dinheiro. Temos que entender que todos esses elementos são necessários para compreender que a vida não é aprendida somente nas ciências formais, mas é possível expor que a literatura tem a vantagem de refletir a complexidade do ser humano e a quantidade incrível de seus sonhos.

Por tanto, considera-se que a ideia de trabalhar as disciplinas de forma isolada, como são apresentadas nos livros Didáticos, não impede ao professor de disseminar o conhecimento de forma interdisciplinar, quando abordamos a chegada dos europeus às Américas e tratamos apenas dos assuntos sócio-econômicos e deixamos de abordar os impactos ambientais promovidos nesses territórios ao longo tempo, perdermos a oportunidade de tratar sobre a importância de explorar o meio ambiente de forma sustentável, marginalizando assim, não só a disciplina de Geografia, mas também as populações indígenas que muito tem a ensinar. Outro exemplo, cabe para as fases da Revolução Industrial, quando trabalhamos os avanços tecnológicos e não abordamos o desmatamento, a poluição da atmosfera, a poluição dos rios e outros, estamos perdendo a oportunidade de mostrar aos(as) alunos(as) a importância de ter e exercitar a visão holística sobre os fatos históricos e as consequências que os mesmo provocaram no meio ambiente e nas populações que sofreram com esses avanços tecnológicos! 

Quando analisamos a era da globalização no século XX, que começou, na verdade no século XVI com a colonização da América e a interligação de toda a humanidade, possuímos a ideia de tudo estar conectado. Isso, é outro aspecto que o ensino ainda não tocou, assim como o planeta e seus problemas, a aceleração histórica, a quantidade de informação que não conseguimos processar e organizar. Este ponto é importante porque estamos num momento em que existe um destino comum para todos os seres humanos, pois o crescimento da ameaça letal como a ameaça nuclear se expande em vez de diminuir, a ameaça ecológica, a degradação da vida planetária. Ainda que haja uma tomada de consciência de todos esses problemas, ela é tímida e não conduziu a nenhuma decisão efetiva, por isso, devemos construir uma consciência planetária.

A fragmentação do ensino, dos conteúdos, propicia a construção de cidadãos(ãs) com pensamentos e críticas fragmentadas, como uma visão simplória sobre determinados temas, como a política, a economia, o trabalho e a segurança, forçando-os a disseminar apenas posições sobre aqueles assuntos relevantes para eles, e fechando questões sobre outros temas que os mesmos não foram no mínimo, condicionados a tolerar! Quando tratamos a Democracia Ateniense, como um grande avanço para época, e deixamos de trabalhar o quanto essa política foi exclusivista, elitista e machista, em relação às mulheres, aos estrangeiros e aos escravos, faremos com que os(as) alunos(as) de hoje tornem-se cidadãos(ãs) preconceituosos(as) a tudo aquilo que foge do senso comum. Por exemplo, é possível notar críticas à luta feminista, críticas aos movimentos com engajamento social e racial, críticas à formação de famílias com responsáveis do mesmo sexo, sem que ao menos esses críticos tenham no mínimo um conhecimento prévio sobre aquelas causas defendidas pelas minorias, e assim aqueles acreditam que apenas os seus posicionamentos político-sociais e/ou suas visões sobre a sociedade/mundo estão corretas! Por isso, por mais triste que seja, é perceptível o aumento no número de crimes relacionados ao feminicídio, ao racismo, ao meio ambiente, à xenofobia, entre outros crimes cada vez mais presentes nas sociedades atuais. Ou seja, essa visão fragmentada do conhecimento, do ensino, dos conteúdos expostos nos livros Didáticos, faz com que os problemas sociais permaneçam invisíveis para muitos profissionais da Educação, indecifráveis para os(as) alunos(as) e velado para atender os interesses dos nossos governantes.





Obra Guernica, 1937. 
Pablo Picasso